Sem nenhum alarde, o Diário Oficial da Cidade de São Paulo registrou na edição da última quarta-feira (16) a nomeação de Dediane Souza, nome social de José Batista de Souza, para o cargo de assessor técnico da Coordenação de Políticas LGBT da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania.
Em Fortaleza, Dediane, de 25 anos, trabalhou por oito no Grupo de Resistência Asa Branca, principal entidade de defesa dos direitos LGBT da cidade, foi conselheira municipal e estadual sobre o tema, além de coordenar várias edições da Parada do Orgulho Gay.
Mais velha de cinco irmãos, ela conta não ter sofrido discriminação no ambiente familiar por sempre ter tido o apoio da mãe, que se separou do pai quando ela tinha apenas 7 anos. “Sempre fui um menininho muito pintoso e minha mãe deixava bem claro que tinha que me afirmar.” Aos 16, virou presidente do grêmio da sua escola e conheceu os movimentos sociais. “Foi quando me reconheci como travesti e abracei o movimento LGBT”, lembra ela, que uniu o apelido de infância Dedé ao nome da irmã, Lidiane, para criar o seu.
Principal bandeira do movimento trans, a alteração do nome em documentos oficiais, já realidade na vizinha Argentina, por aqui ainda depende da aprovação de uma lei. “Temos um problema no Brasil que é nosso Legislativo, que tem uma ala fundamentalista grande que estanca muitas políticas sociais”, critica. “Queremos retificar nosso nome civil, mudar nosso pré-nome, ser respeitadas não só profissionalmente, mas como cidadãos. Ser de fato o que a gente é.”
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