“Usei três verbos ao invés de quatro ou cinco parágrafos para dizer a mesma coisa”, sustentou Paulo Roberto Brescovici, juiz da Terceira Vara do Trabalho de Cuiabá. A frase: “Li, reli. Não entendi” ganhou os holofotes da imprensa nacional na última semana. Ao
Olhar Jurídico, o magistrado justifica a inusitada decisão e desarma os polemistas: “A repercussão não é proporcional. Temos assuntos mais relevantes”.
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STF recebe denúncia contra Adilton Sachetti por crime de responsabilidade A decisão se refere a um pedido de acompanhamento de perícia em ação trabalhista envolvendo um funcionário da AmBev. Conforme explica Paulo Brescovici, não ficou claro se o advogado do requerente solicitava acompanhar o procedimento ou que um terceiro o fizesse.
O caso data de 14 de março de 2018 e tem gerado muita discussão em grupos e sites especializados. No despacho, o magistrado solicita ao autor que refaça a solicitação, querendo, em prazo de cinco dias.
“Não foi erro ou tecnicismo do advogado, foi simplesmente uma falha de percepção minha, eu não compreendi o que ele estava querendo. Era um pedido de acompanhamento de uma perícia, não compreendi exatamente se o advogado queria ele próprio acompanhar a perícia ou uma terceira pessoa. Presumi que fosse ele próprio, pois se fosse terceira pessoa ele teria-a identificado, nominado. Ocorre que, para aquela perícia não é necessária autorização judicial (a não ser que a empresa não permitisse acesso à perícia). Ou seja, por qualquer ângulo que eu analisasse, o não compreendia o pedido. Usei três verbos que definiriam o que pensava no momento”, explica.