26 de Junho de 2025

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AGRONEGÓCIO Quinta-feira, 26 de Junho de 2025, 11:34 - A | A

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PIONEIRO

Governo Federal inaugura no AP programa de assistência rural para povos indígenas

Programa Ater Indígenas do Oiapoque será modelo para outros Programas de Assistência Técnica e Extensão Rural aos povos indígenas brasileiros. Ação envolve parceria entre MDA e governo do estado

Redação

O Governo Federal começa pelo estado do Amapá a aplicação do primeiro Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) construído para atender aos povos indígenas. A ação é coordenada pela Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA). Serão beneficiadas cerca de 400 famílias, em 65 aldeias, nas Terras Indígenas Uaçá, Galibi e Juminã, dos povos Karipuna, Galibi Marworno, Palikur Arukwayene e Galibi Kali’na, localizadas no município de Oiapoque (AP), extremo norte do Brasil.

O Programa de Assistência Técnica e Extensão Rural Socioambiental para Famílias de Povos Indígenas do Oiapoque (Ater Indígenas do Oiapoque) resulta de um pedido do Conselho de Caciques dos Povos Indígenas do Oiapoque (CCPIO) à Anater. A demanda surgiu com objetivo de combater a chamada “praga da mandioca” ou “vassoura de bruxa”, causada pelo Rhizoctonia theobromae. O fungo foi identificado posteriormente pelas equipes da Embrapa Amapá e da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), já como ação resultante da articulação junto ao Governo Federal.

O cacique Gilmar Nunes André, agente ambiental e agente de Ater Indígena, vai integrar a equipe contratada para programa. Ele conta como surgiu a praga da mandioca.

“Nós ficamos apavorados. Ninguém sabia o que era. As mandiocas começaram a morrer dentro das nossas roças. A mandioca, a farinha, era uma renda nossa”, recorda ele, destacando o grande esforço para recuperar a produção. Hoje, a comunidade busca renda de outras formas, como na venda de açaí e de artesanato, para comprar alimentos.

Ater Oiapoque

Cacique Gilmar: fungo (detalhe) causou perda de lavouras de mandioca

As famílias também recebem cestas básicas do Governo Federal. Ele diz estar feliz com a assinatura do contrato para iniciar o serviço de Ater do Governo Federal, por meio da Anater e do Rurap.

Coordenador do CCPIO, o cacique Edimilson dos Santos Oliveira afirma que a praga nas lavouras de mandioca precarizou a alimentação e a renda das comunidades. Mas está confiante com a implantação do ATER Indígena em ação conjunta dos Governos Federal e Estadual. “A gente agradece porque é uma política muito importante para a segurança alimentar. A gente fica feliz por isso. Só tem a ganhar, porque vai ajudar na questão do plantio; orientação técnica para ampliar e melhorar o plantio e a segurança alimentar.”

Fruto de uma construção participativa entre órgãos do Governo Federal e os povos indígenas, o programa foi ampliado para promover a soberania alimentar, fortalecer a autonomia produtiva das comunidades e contribuir para a construção de um território mais justo, inclusivo e sustentável. Atua com eixos de assistência técnica, fomento rural e presença de técnicos indígenas, garantindo o acesso a tecnologias e serviços, além do respeito e valorização dos saberes tradicionais.

O Instrumento Específico de Parceria (IEP) foi assinado pela Anater e o Instituto de Extensão, Assistência e Desenvolvimento Rural do Amapá (Rurap), ligada ao governo do Amapá. E prevê o investimento de R$ 4,7 milhões, dos quais R$ 3,8 milhões são do Governo Federal, destinados por meio de emenda parlamentar (R$ 1 milhão), pela Secretaria de Territórios e Sistemas Produtivos Quilombolas e Tradicionais (Seteq/MDA, R$ 1 milhão), e pelo Programa Fomento Rural, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (R$ 1,8 milhão). Os R$ 900 mil restantes são do governo do estado.

O Ater Indígenas do Oiapoque é um modelo pioneiro para outros Programas de Assistência Técnica e Extensão Rural aos povos indígenas brasileiros. Comunidades indígenas já participam de outros programas de Assistência Técnica e Extensão Rural do Governo Federal: 328 famílias das etnias Saterê-Mawé, Tupinambá, Guarani, Kaiowá, Terena e Kaingang são atendidas nos estados do Amazonas, Bahia, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina.

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