Cuiabá é a terceira capital com as piores calçadas do país, segundo o relatório Campanha Calçadas do Brasil 2019. A nota mínima aceitável é de 8 pontos e a da Capital ficou em 4,79 no geral. A melhor nota foi para São Paulo que alcançou 6,93.
A campanha avaliou a caminhabilidade, ou seja, o quão uma rua, praça ou qualquer espaço público é convidativo para pedestres, cadeirantes e pessoas com deficiência. Os critérios avaliados foram regularidade do piso, largura total e da faixa livre para circulação, segurança, rampas de acessibilidade, entre outros. Doriane Azevedo, coordenadora do grupo de pesquisa e extensão - Estudos de Planejamento Urbano e Regional (Épura), explica que a campanha priorizou apenas as calçadas de instituições públicas de qualquer esfera, municipal, estadual e federal, em todas as regiões da cidade.
Exatamente porque são as instituições que deveriam seguir as leis e as regras, dando exemplo para toda a população. Os avaliadores analisaram mais de 40 pontos diferentes. “Essa amostra deixa muito clara a real situação de Cuiabá. Não estamos privilegiando os pedestres em situação alguma”, pontua.
Conforme o estudo, os pontos mais fracos da cidade são as rampas de acessibilidade, faixas de travessia, além da falta ou mau funcionamento dos semáforos para pedestres. “A sinalização prioritária é para os veículos. Para os pedestres, não existem ou estão precárias”, destaca Azevedo.
A pontuação positiva (8,67) foi para a inclinação transversal, a qual indica que não foram encontradas rampas de acesso a garagens atrapalhando a passagem dos pedestres. Dentre os locais de destaque devido aos problemas estão a Secretaria de Serviços Urbanos, que atingiu a nota 2,57.
A pesquisa indicou que trechos da calçada estão destruídos e a estrutura tem menos de 2 metros de largura e faixa livre e necessita de mais rampas de acesso. Além disso, há obstáculos que obrigam os pedestres a desviarem.
A Praça Bispo Dom José, na avenida Tenente Coronel Duarte (Prainha), na região central, obteve 2,83 de nota. Isso se deve à falta de manutenção do espaço, os vários obstáculos encontrados no local e as péssimas condições das rampas de acesso. Apesar de obter nota mais alta, de 7,77, a Praça Alencastro teve uma observação importante por parte dos pesquisadores. O piso é inapropriado à área externa. Dentre os lugares mais bem avaliados na cidade está a Assembleia Legislativa de Mato Grosso, no Centro Político Administrativo. Os pesquisadores identificaram que o local está nivelado, sem imperfeições e dotada de piso tátil.
A aparência plana e a falta de obstáculos permitem o caminhar confortável e seguro e renderam uma das melhores notas, 6,88. Entretanto, problemas com a existência de rampa de acessibilidade fora da norma ou sem manutenção foram elencados.
O estudo deve ser enviado ao poder público para que sejam tomadas as devidas providências. Azevedo reforça que o diagnóstico é importante para mostrar que o agente mais frágil do trânsito precisa ser notado. “Temos que discutir a mobilidade como um todo”.
Outro lado
Secretaria de Serviços Urbanos reconhece que a cidade apresenta demandas dessa natureza, uma vez que se desenvolveu sem planejamento. A Pasta reforça que foi criado o programa “Minha Rua com Calçada”, que tem alcançado bairros e grandes vias da cidade. Sobre a Praça Bispo, reforçou que está em revitalização e que os passeios públicos serão contemplados. Com relação aos demais pontos, aguardará o acesso ao documento para avaliar as medidas a serem adotadas. A Secretaria de Mobilidade Urbana destaca que estão sendo instalados semáforos e faixas de pedestres em locais que antes não recebiam investimentos e afirma que a manutenção é feita mensalmente. (Reportagem de Nátalia Araújo)