Em menos de dois anos, mais de 60 mulheres foram brutalmente assassinadas em todo o Estado.
De acordo com o balanço da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), de janeiro a julho do ano passado, foram registrados 35 casos de vítimas de todas as idades.
Já neste ano, no mesmo período, foram registradas 26 ocorrências.
Os casos de estupro neste ano chegaram aos 240 casos. No ano passado, foram contabilizados 255.
Já os casos de ameaça continuam com mais de 10 mil registros. Em 2020, foram 10.216 e, neste ano, 10.167.
Lesão corporal foram 5.334 casos em 2020 e 5.042 neste ano.
Segundo a delegada Janira Laranjeira, plantonista da Delegacia de Plantão 24h de atendimento à Violência Doméstica contra à Mulher e Crimes Sexuais contra Crianças e Adolescentes, apesar dos dados da Sesp apresentar queda em alguns registros, os números não deixam de chamar atenção e ser alarmante porque ainda são muitas mulheres que precisam enfrentar em seu dia-a-dia algum tipo de violência doméstica.
Há um ano à frente da delegacia, que é ligada a Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, Janira, afirma que o trabalho foi desafiador, especialmente porque em um ano de funcionamento da unidade, o local se tornou a principal porta de entrada das ocorrências de violência doméstica e crimes sexuais contra mulher, crianças e adolescentes.
“Além disso, tivemos que dribla a nossa deficiência quanto a logística material e pessoal que são vários”, disse.
Para a delegada, os casos mais difícil de atuar na unidade e não deixar o emocional tomar conta são os casos de tentativa de feminicidios e abusos sexuais contra crianças e adolescentes.
Primeiro, porque os policiais se deparam com a situação no calor dos acontecimentos e acabam tendo o desafio de não revitimizar as vítimas e adotando o princípio da oportunidade.
“Temos que colher todas as informações necessárias para fundamentar uma prisão em flagrante ou medidas cautelares diversas. E, segundo em razão do desafio de mantermos o equilíbrio durante todo o atendimento e no momento em que nos desligamos do plantão para gozar nossa folga”, lembrou.
Dentre as ocorrências que lideram na unidade que completou um ano neste mês, estão as ameaças que são ‘líderes na notícia de crimes’.
Atendimento e estrutura
O Plantão de Violência Doméstica à Mulher (PVDM) funciona 24h e atende crimes de violência doméstica e crimes sexuais contra mulheres, crianças e idosos.
Cada plantão é composto por uma delegada, cinco investigadores duas escrivães de polícia e um assistente social.
“Atuamos nos casos de flagrante delito em que o suspeito é conduzido. Nos casos em que o suspeito não foi conduzido, mas a vítima solicita medidas protetivas ou nos casos que ela quer somente registrar uma ocorrência de um crime, mas deixa de representar contra o agressor, valendo este fato somente para os crimes que se processam mediante representação”, pontuou.
Além disso, a delegada também pontuou que a delegacia, realiza acompanhamento e segurança da vítima nos casos de retirada de pertences.
“Encaminhamos elas para atendimento médico hospitalar (ex. nos crimes de lesões e sexuais, em geral nos crimes que deixam vestígios). E, ainda fazemos o encaminhamento delas e seus dependentes em casa de abrigo para acolhimento das vítimas que não têm um local para se abrigar”, finalizou.