O transporte público é um dos meios mais utilizados pela população brasileira na correria do dia a dia. Segundo a Pesquisa Nacional de Saúde, cerca de 67% dos brasileiros usam o transporte coletivo, enquanto, 21% preferem carro e apenas 10% possuem motos. Já na capital mato-grossense, aproximadamente 200 mil pessoas fazem uso do ônibus.
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Para muitos, os desafios diários mais significativos são a falta de integração entre os modos de transporte, a saturação das vias, a ausência de investimentos e a baixa qualidade do transporte público. A maior reclamação é a falta de ar condicionado dentro dos ônibus, isso porque, Cuiabá é considerada a cidade mais quente do Brasil.
Durante a nossa pesquisa, nos deparamos com os moradores que não possuem condições de comprarem um carro ou moto e precisam do ônibus para irem trabalhar, ou até mesmo ir ao médico. Pablo de 24 anos é estudante, morador da região Santa Cruz e ressalta que o tempo de espera é muito e causa perigo de vida para a sociedade.
“A minha maior dificuldade em usar do ônibus como meu meio de locomoção principal, é a baixa quantidade que disponibilizam para nós moradores. O ar-condicionado não funciona e é sempre muito lotado, causando desconforto. Outro fator é a demora dos ônibus em passar nos pontos, que por diversas vezes, atrasam ou nem passam e isso gera um risco de assalto”, comenta Pablo.
Em média 10 pessoas são assaltadas por dia em ponto de ônibus e conforme os moradores, os assaltantes realizam arrastões para causar tumulto e chegam a ameaçar com faca ou arma, caso a pessoa reaja ou não entregue o item de valor solicitado.
Por outro lado, Ana Clara, 30 anos, residente na região do Pedra 90 e ressalta da falta de educação dos motoristas e acessibilidade para os idosos e cadeirantes.
“O uso do transporte coletivo é de suma importância para a sociedade cuiabana e vejo que pecam muito nos cuidados e na entrega das unidades. Prometem ar condicionado e não entregam com excelência ou que dure pelo menos um ano. Não possuem acessibilidade aos cadeirantes e idosos, pois, tem ônibus que já não funciona mais o elevador e ninguém busca resolver esse problema e sem contar também da falta de educação dos motoristas, que por diversas vezes desrespeitam os usuários ou até mesmo pessoas especiais”, ressalta Ana Clara.
Este ano, no mês de junho, o prefeito Emanuel Pinheiro realizou a entrega de 18 novos ônibus zero km, atingindo a marca de 98.44% da frota operacional do transporte coletivo com ar-condicionado circulando pelas ruas da capital. Mas a realidade tem sido diferente para as regiões carentes, pois, não conseguem usufruir corretamente dessas novas linhas ou muitas vezes não veem as novas linhas.
Em busca de uma solução moderna para o transporte urbano, o Governo do Estado de Mato Grosso está desenvolvendo o sistema de Ônibus de Transporte Rápido (BRT) em Cuiabá. De acordo com a Secretaria de Infraestrutura e Logística de Mato Grosso (Sinfra), o projeto prevê a criação de dois corredores para o BRT. O primeiro desses corredores terá ônibus partindo do Terminal André Maggi, em Várzea Grande, e seguirá pelas Avenidas Filinto Muller, João Ponce de Arruda, Avenida da FEB, Tenente-Coronel Duarte e Historiador Rubens de Mendonça, até o Terminal do Coxipó.
No entanto, a realidade tem sido bem diferente das expectativas. Iniciadas em janeiro, as obras estão atrasadas e têm causado impactos negativos na mobilidade urbana da capital, incluindo o serviço de ônibus. Moradores relatam que o trânsito está mais congestionado e que os desvios não estão funcionando de forma eficiente ou segura, agravando a situação do tráfego na cidade.
Em comunicado, a Secretaria de Estado de Infraestrutura (Sinfra) anunciou que notificou a empresa responsável pela obra para ajustar o cronograma, a fim de evitar impactos nos prazos de conclusão e na qualidade do projeto.
Atualmente, a concretagem do trecho em Várzea Grande ainda não foi concluída. Na capital, o início das obras ocorreu com nove meses de atraso em relação à data originalmente prevista, devido à falta de autorização do município.