Passada uma semana desde o corte de luz nos campi da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a reitora Myrian Serra rebateu nesta terça-feira (23) as declarações do ministro da Educação, Abraham Weintraub, sobre um suposto viés ideológico em sua atuação frente à instituição. Além disso, a professora afirmou que não vê problemas na auditoria sugerida pelo deputado federal José Medeios (Pode), mas minimizou o pedido de afastamento que também foi requerido pelo parlamentar.
“Eu faço a gestão para a UFMT independentemente de partido politico. Não recebi nada formal, então não posso me manifestar”, disse a reitora, sobre publicações feitas pelo ministro em seu Twitter e sobre imagens que circularam em grupos de WhatsApp e no Facebook com ataques pessoais à ela.
“Sobre a auditoria, não temos problemas porque somos auditados internamente e externamente todos os dias. Sobre essa questão de intervenção, vejo que é papel de quem solicitou justificar e verificar como isso vai acontecer”, acrescentou Myrian Serra, que participou da reabertura da Santa Casa, nesta terça-feira (23).
Em coletiva de impresa, no dia 17 de julho, Myrian justificou que a dívida com a Energisa não havia sido paga em função da “burocracia bancária”, que impede transações acima de R$ 1 milhão/dia. Além disso, garantiu que o Ministério da Educação já estava ciente da situação.
O pedido de Medeiros foi feito com base em noticias recentes veiculadas na mídia e também a partir dos tweets de Weintraub. “Tais informações indicam que a gestão da atual reitora apresenta problemas, pois não se pode admitir que uma Universidade fique sem luz por culpa da reitoria. Por esta razão, mostra-se necessária a realização de uma auditoria na UFMT”, diz trecho do pedido.
Medeiros chegou a gravor vídeos em suas redes sociais afirmando que a reitora teria, propositalmente, deixado que Energisa cortasse a luz da Universidade, segundo ele, para depreciar o Governo Bolsonaro junto à população. O deputado disse também que Myrian havia sido indicada ao cargo pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT), mas esta última informação é incorreta.
Futuro da Universidade
Na semana passada, após o corte de energia elétrica na UFMT, o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos da universidade anunciou que os salários dos trabalhadores terceirizados da limpeza e segurança também estão atrasados e que não está descartada uma paralisação da unidade a qualquer momento.
A UFMT sofre com o corte de orçamento desde 2014, quando houve a redução da verba de custeio, relacionada às obras e equipamentos do campus. No entanto, em março deste ano, o Governo Federal anunciou o bloqueio de 30% na educação superior, o que representou R$ 34 milhões para a Universidade.
Na época, Myrian Serra disse que a UFMT poderia ficar sem os serviços básicos como água e luz, caso o bloqueio não fosse revisto em até 60 dias, situação que não aconteceu.
Nesta terça-feira, ao ser questionada sobre as contas da UFMT, a reitora afirmou que uma equipe vem avaliando a situação dia após dia. “Estamos vendo com nossa equipe no dia a dia. Nosso objetivo é superar o desafio no momento e a cada dia a gente avalia o que pode pagar, de onde pode ter recurso. Chamei [Fundação] a Uniselva, unidades acadêmicas, todo mundo junto e reunido, para somar forças e honrar os compromisso que nós temos com a UFMT”.