A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) entregou, no final de setembro, a primeira carteira de identificação a pessoa que sofre de fibromialgia, que dá direito a entrar na fila preferencial dos estabelecimentos públicos e privados e a estacionar na vaga reservada a grupos especiais, em Cuiabá, conforme prevê a Lei municipal nº 6.552, de 15 de julho de 2020.
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O contemplado foi o estudante de Odontologia, Carlos Eduardo de Oliveira, 28, que há 2 anos convive com as dores provocadas pela fibromialgia, sendo diagnosticado há 9 meses. Ele conta que percebeu que sentia com frequência uma dor como se algo estivesse pesando em seu corpo e resolveu procurar ajuda médica. “Não é normal sentir dor então eu procurei o clínico geral, fiz um monte de exames e, mesmo assim, continuava com as dores, sempre cansado. Procurei ortopedista, achando que era problema na coluna, fiz todos os tipos de exames necessários e acabou que não deu nada. Fui encaminhado pra reumatologista. Ela solicitou todos os exames também e também não deu alterado. Ela diagnosticou através de toques nas partes do corpo onde havia dor. É uma dor pelo corpo todo, ombro, costas. Tem dias que eu nem levanto. Estou sempre fraco dos músculos. Quando não é a dor, é o cansaço, dói até para estender roupa no varal. Agora eu tomo medicação manipulada todos os dias, faço pilates, fisioterapia três vezes por semana, tenho que fazer caminhada. Minha médica falou que eu vou ter que me adaptar e conviver com isso o resto da vida”, relata.
Carlos Eduardo afirma que a carteirinha de pessoa com fibromialgia vai ajudá-lo a evitar situações que possam agravar as dores. “Vai beneficiar em vários momentos da minha vida, por exemplo, no supermercado. Aquela fila enorme é cansativa, aí eu já posso ir na fila preferencial, também nos bancos que estão sempre lotados. Isso beneficia muito para não ficar muito tempo em pé porque é muito cansativo para quem tem essa doença, que não tem cura”, afirma.
O secretário-adjunto de Atenção Primária, Dr. Xavier, destaca que a confecção da carteirinha de fibromialgia é mais uma forma da gestão Emanuel Pinheiro colocar em prática a humanização no cuidado com os cuiabanos. “É mais uma ação de humanização que vai facilitar a vida dessas pessoas que já sofrem diariamente com dores. A carteirinha dá direito às vagas reservadas e também à preferência nas filas para ser atendido mais rápido devido às dores. Nós também temos realizado outras ações, como o ambulatório de práticas integrativas, onde vai ter acupuntura e outras práticas que são muito relevantes para pessoas que sofrem dessa doença”, diz.
Como obter a carteirinha
Para conseguir a carteirinha, a pessoa com fibromialgia deve fazer a solicitação junto ao Núcleo de Condições Crônicas e Controle do Tabagismo da SMS, enviado toda a documentação digitalizada para o e-mail [email protected]. Os documentos necessários são:
- RG e CPF
- Cartão do SUS
- Comprovante de tipagem sanguínea;
- Documento médico recente comprovando a condição;
- Contato de emergência para informar na carteirinha e foto do rosto digitalizada.
Após a conferência dos documentos, a carteirinha terá um prazo de confecção de 15 a 30 dias, devendo ser retirada na sede da Secretaria Municipal de Saúde. Mais informações podem ser obtidas através do telefone (65) 9222-4865.
O que é fibromialgia?
A fibromialgia é uma das mais comuns condições de dor crônica, afetando diferentes etnias, condições culturais e financeiras na mesma proporção. Segundo o Colégio Americano de Reumatologia, a fibromialgia é considerada uma doença crônica não transmissível de causa ainda não bem elucidada, caracterizada por dores generalizadas e presença de, no mínimo, 11 dos 18 pontos sensíveis específicos a palpação, tendo duração de no mínimo três meses, além de alteração na qualidade ou duração do sono.
As hipóteses da fisiopatologia da fibromialgia são diversas e incluem disfunção do sistema modulatório de dor com o sistema nervoso central, disfunção no sistema neuroendócrino e disautonomia. Estima-se que a doença afeta 3% a 6% da população mundial, sendo aproximadamente 75% a 90% mulheres.
Sintomas
A dor tem sido descrita como o principal sintoma. Outros sintomas são a fadiga, diminuição da concentração, humor negativo, diminuição na qualidade de sono e atividade global diminuída. A causa da interferência no processamento da dor permanece incerta, embora a participação de estressores crônicos psicológicos, geradores de dor periférica e mediadores inflamatórios tem sido proposta. O funcionamento alterado do sistema de nocicepção pode conduzir a uma alteração que gera desordem como uma agressão física, levando ao tecido traumatizado a dor localizada, ou um insulto psicológico como o stress.