Majoração dos alimentos acima da inflação oficial encareceu em 20% a cesta básica em Cuiabá. A alta acumulada nos últimos 12 meses é puxada por 8 produtos de largo consumo, reajustados em patamares bem superiores ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). É o que revela cotação realizada em julho pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e que abrange 13 produtos. No mês passado, o valor da cesta básica alcançou R$ 474,30, ante R$ 395,60 em julho de 2018.
Ao apontar os gastos médios dos consumidores cuiabanos com alimentos básicos, o Imea identifica que os produtos que mais “pesaram no bolso” no período analisado foram tomate (116%), batata (92%) e feijão (64%). Outros itens que impactaram no orçamento doméstico foram arroz (16%), banana (15%), açúcar (12%), pão francês (8%) e carne (5%). Despesas com o consumo de farinha e óleo aumentaram 2% nos últimos 12 meses. Nesse intervalo, os consumidores puderam gastar menos apenas no “café da manhã”, devido às reduções nos preços do leite (-10%), manteiga (-6%) e café em pó (-4%).
“A cesta básica absorve hoje 45% do rendimento do consumidor de baixa renda”, afirma o economista Edisantos Amorim.
“Feijão é outro produto de consumo cotidiano apontado pelo Imea como vilão da temporada. Registrou uma alta de 64% no período”
Para suprir as necessidades de alimentação, moradia, transporte, saúde, educação e lazer a remuneração mínima mensal do trabalhador deveria ser de R$ 4,212 mil, cita o economista em referência a estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). “Quando os alimentos encarecem, o poder de compra das famílias diminui”.
Variação mensal
Em comparação com junho, a cotação da cesta básica em Cuiabá praticamente se manteve, com variação negativa de 1%. No penúltimo mês, o valor da cesta básica identificado pelo Imea foi de R$ 476,80 e recuou para R$ 474,30 em julho. Dos 13 itens cotados, apenas 5 tiveram redução de preços.
Ficaram mais baratos de um mês para o outro o tomate (-9%), a farinha (-7%), feijão, batata e manteiga (-3%). Foram percebidos aumentos nos preços da banana (14%), arroz (7%), carne bovina (3%) e café em pó, açúcar e óleo (1%). Pão francês e manteiga mantiveram as cotações no varejo. “Os aumentos dos alimentos são influenciados pela conjuntura econômica do país de forma geral.
Energia e combustíveis encareceram”, observa Amorim. Fatores climáticos, como excesso de chuvas ou estiagem, interferem na produção agrícola e na oferta de alimentos, com reflexo nas cotações. “Mas, a tendência é de melhora na conjuntura. O governo tem trabalhado com a inflação no centro da meta e as medidas adotadas, como as reformas (Previdência e Tributária), devem melhorar as condições”, conclui. (Reportagem de Silvana Bazani)