Imagine uma família com renda de R$2 mil por mês. O pai trabalha fora, a mãe cuida dos filhos pequenos em casa. Essa família precisa pagar aluguel, alimentação, educação, transporte e saúde. Com esse orçamento, não há espaço para exageros. Roupas, bares, restaurantes luxuosos e gastos supérfluos estão fora de cogitação. É a lógica da maioria dos brasileiros: viver com o que se tem e priorizar o essencial.
Mas o que acontece quando essa família começa a gastar R$3 mil por mês? O cartão de crédito vira solução temporária, dívidas se acumulam, e o desespero bate à porta. A saída? Cortar gastos. E não se corta aquilo que é essencial, como comida ou escola das crianças. Corta-se o supérfluo.
O Governo Federal deveria seguir essa lógica simples. No entanto, o que temos visto é justamente o contrário. Em vez de enxugar despesas desnecessárias, o Governo Lula tenta cobrir rombos com aumento de impostos — penalizando quem trabalha, quem produz e quem ainda sustenta a economia do país.
Recentemente, o Governo sugeriu a tributação sobre LCIs e LCAs, investimentos que incentivam o financiamento da produção rural e da habitação. É como tirar a água do poço para apagar o incêndio: no fim, falta para todos. Esse tipo de imposto afeta diretamente o setor agropecuário e encarece o preço dos alimentos no mercado. E o povo, que já sente no bolso o custo da feira, é quem paga a conta mais uma vez.
Enquanto isso, os gastos com o que deveria ser secundário só aumentam. A imprensa já revelou os excessos de viagens e eventos ligados à primeira-dama, com comitivas extensas e sem a devida transparência sobre os valores. A Justiça, inclusive, deu prazo para que o Governo explique essas despesas. A farra com dinheiro público também se espalha pelos inúmeros conselhos criados, muitos deles sem função clara, mas com muitos cargos e mordomias.
Há algo de muito errado quando o país enfrenta dificuldades para cumprir com obrigações básicas, mas esbanja em festas, viagens e estruturas paralelas. O Congresso negou o aumento do IOF, e agora o Governo tenta novas formas de arrancar mais do bolso de quem produz — em vez de fazer o que toda família brasileira já aprendeu na prática: cortar o desperdício, priorizar o essencial e viver com responsabilidade.
O problema do Brasil não é a falta de dinheiro. É a falta de prioridade. É a insistência em manter uma máquina pública inchada, vaidosa e insensível à realidade do povo. Se quisermos um país no azul, precisamos começar a gastar como quem realmente respeita cada centavo vindo do suor do povo. Do contrário, seguiremos caminhando para o vermelho — e não o das contas públicas, mas o do descaso com quem mais precisa.
Nelson Barbudo é deputado federal por Mato Grosso, liderança da Direita Nacional e membro da Frente Parlamentar da Agricultura (FPA)