Aconteceu na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), nesta quinta-feira (24), o segundo encontro do ciclo de palestras ‘Divers(c)idades: Conversas sobre Trans(it@s) entre deslocamentos, (des)fronteiras e ramificações’, que visa debater as diferentes formas do cidadão interagir com a cidade. Desta vez, na presença de imigrantes da Venezuela e de Senegal, os participantes puderam discutir a relação do trânsito de pessoas de outros países com a cidade de Cuiabá.
Foram convidados para o debate Rosbelli Rojas, da Venezuela e Ousseynou Uzake, do Senegal. Junto a pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Cultura Contemporânea e do Grupo de Estudos Multimundos Acontecimentos e Figuras Públicas, os estrangeiros puderam contar suas vivências no Brasil, refletindo sobre a cultura e história dos seus países de origem em contato com a cidade de Cuiabá.
Para Rosbelli Rojas, a reais motivações da situação enfrentada atualmente pela Venezuela são desconhecidas por muitos brasileiros, o que faz com que prejulgamentos sejam espalhados. Rojas acredita que o cuiabano tem sempre em mente a imagem de venezuelanos pedindo ajuda nos semáforos, o que não condiz com a realidade da maior parte da população migrante na cidade.
“Nós venezuelanos somos muitos, inclusive aqui em Cuiabá. Há realmente alguns pedindo ajuda nos semáforos, mas essa não é a realidade da maioria. A maioria está trabalhando e vem da Venezuela capacitada. Mas infelizmente há também um cenário de exploração e de subemprego que pagam menos que o salário mínimo”, ressalta Rojas.
O senegalês Ousseynou Uzake também conta que o brasileiro conhece pouco da dimensão do continente africano e que muitas vezes faz comentários que refletem esse pouco conhecimento: “a África é muito mais que guerras e fome. Somos um continente com dezenas de países e cada um tem características diferentes, ricos em vários sentidos, mas muitas vezes ouvimos comentários que resumem tudo em uma coisa só, essa não é a realidade”.
Em Cuiabá, Uzake, além de estudar no Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), cria e vende roupas com estampas vindas da África e brinca: “devidamente adaptadas ao calor daqui”. Já Rosbelli apresenta um programa de rádio chamado ‘Noches Calientes’, na Metrópole FM 105.9, que tem como público principal ouvintes de países latinos vizinhos do Brasil. Apesar dos desafios, ambos afirmam ser gratos e contentes por estarem aqui.
EVENTO
Como parte do ciclo de palestras, que integra o projeto “ECCO nos 300 Anos de Cuiabá – momentos de reflexão”, o próximo encontro ocorre no dia 31 de outubro (quinta-feira), às 14h e tem como tema Trânsitos da Reflexão’ que trata da relação da universidade com a diversidade da cidade.