O irmão da menor que atirou em Isabele Ramos deu uma versão diferente daquela que ela disse em depoimento da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP). Diferente da irmã, o adolescente, que faz parte dos trigêmeos, disse durante a reconstituição da noite do crime que a maleta das armas não foi guardada logo após o disparo que matou Isabele. A informação consta no laudo da reconstituição da cena do crime que o teve acesso.
A menor que atirou em Isabele dentro do banheiro da suíte, na noite de 12 de julho, disse aos policiais que assim que seu irmão e o namorado da irmã gêmea chegaram ao banheiro ela "correu até o closet do quarto da mão para guardar o case e as armas no armário".
No entanto, durante a reconstituição do crime o irmão e cunhado da menor afirmaram que quando ouviram os gritos no banheiro e subiram até a suíte a maleta com as duas armas estava sobre a escrivaninha no quarto. E o case não estava nas mãos da menor, como alegado em depoimento, segundo laudo da reconstituição do crime.
Durante a reprodução simulada, o irmão da menor também afirmou que ao chegar no banheiro a encontrou "pulando e gritando 'Bel, Bel, Bel' (...) gesticulava com as duas mãos abertas vibrando na altura do rosto, demonstrando desespero", diz trecho do laudo.
Outro fator que reforça que a maleta não estava no banheiro foi a ausência de sangue no item. Foram realizados exames com reagente químico luminol na parte externa e interna do case, sem que fossem encontrada presença de sangue.
O caso
Isabele Guimarães Ramos, 14, foi morta com um tiro no rosto quando estava na casa da melhor amiga, uma adolescente de também 14 anos. A amiga alegou que o disparo que matou Isabele foi acidental, no entanto, o inquérito da Polícia Civil concluiu que o homicídio foi doloso, ou seja, com intenção de matar.
A investigação durou 50 dias e o inquérito foi encaminhado para o Ministério Público do Estado (MPE), com 4 pessoas apontadas. A menor que atirou foi autuada por ato infracional análogo a homicídio doloso. O pai dela, Marcelo Cestari, responde por entregar arma a menor de idade, homicídio culposo, fraude processual e posse de arma de fogo.
Já o namorado da menor que atirou, por ter levado as armas à casa da família Cestari, foi autuado por ato infracional análogo à posse de arma de fogo. E o pai dele, Glauco Fernando Mesquita Correa da Costa, foi indiciado por omissão de cautela, já que tinha responsabilidade sobre as armas.