Justiça estadual atendeu ao pedido da defesa de Lumar Costa da Silva, 28 anos, que confessou ter matado e arrancado o coração da tia, em Sorriso (398 km de Cuiabá-MT), e autorizou que ele seja submetido a exame de sanidade mental.
De acordo com o juiz Anderson Candiotto, da Primeira Vara Criminal de Sorriso, o procedimento deve esclarecer questionamentos. O exame vai indicar se algum tipo de distúrbio mental impediu o rapaz de compreender o que estava acontecendo, se o réu tinha capacidade de entender o que estava ocorrendo e se ele precisa de tratamento especializado.
A decisão judicial contraria o entendimento do Ministério Público de Mato Grosso (MPE), que disse não haver elementos concretos capazes de apontar que Lumar tenha problemas mentais.
“Lumar demonstra ser uma pessoa muito inteligente, autodidata. Aprendeu o idioma inglês apenas por livros e vídeos de Youtube e, segundo o pai, chegou até ter proposta para trabalhar fora do país”, destacou a promotora Maisa Fidelis Gonçalves Pyrâmides.
O assassinato
Lumar morou na casa da tinha que matou, Maria Zélia Cosmos, de 55 anos, em 28 de junho. Apesar do pouco tempo de estadia, o acusado já tinha se desentendido com vizinhos. O estopim se deu quando a tia teria descoberto que o sobrinho era usuário de drogas e o mandou sair de casa. Após esse episódio, ela passou a morar temporariamente em uma quitinete, arrumada pelo primo. Mas tomado pela raiva, decidiu ir atrás da tia para assassiná-la.
O criminoso invadiu a residência de Maria Zélia, no dia 2 de julho, e a esfaqueou nas regiões do pescoço e do tórax. Não satisfeito, ele abriu o peitoral da vítima e arrancou o coração. Após a monstruosidade, o assassino colocou o órgão em uma sacola e entregou para a prima, filha da vítima.
O homem ainda tentou fugir, sequestrando a filha da prima, de apenas sete anos, mas foi impedido por um vizinho, que acionou a Polícia Militar. O suspeito saiu e roubou o carro da filha da vítima. Na fuga, ele tentou colidir o veículo contra uma estação de rede elétrica, para acabar com a energia da cidade. Lumar foi capturado pela PM instantes depois.
Há cerca de dois meses, o assassino confessou o crime em entrevista a jornalistas. Ele deu detalhes de como matou a tia e disse não se arrepender do que fez. “Eu matei ela mesmo e não me arrependo. Ela mereceu morrer. Ela estava me sacaneando, estava falando pelas minhas costas, me chamando de veado, ela ficou me difamando, me chamando de drogado. Ela ficou arrumando confusão pra mim lá no bairro. Eu só queria paz. Mas, ela ficou teimando em fazer isso”, disse.
Ele também admitiu que estava sob os efeitos de uma droga sintética – que provoca alucinações e mudanças repentinas de humor – quando cometeu o crime e disse que não planejou matar a tia. Lumar ainda destacou que o universo, supostamente, “conspirava” para que ele cometesse a barbárie.
“No dia do crime, eu tomei LSD. Eu fumo maconha e LSD. Mas, não foi nada planejado, foi acontecendo [...] Eu ouço o universo. O universo fala comigo sempre. Uma voz falava pra mim, mata ela, mata ela logo. Ela tem que morrer, ela tem que morrer”.