Depois da grande tensão que passou com o filho em surto psicótico na manhã de quarta-feira (16) no Bairro CPA 4, em Cuiabá, a mãe do jovem fez um desabafo e negou que tenha sido mantida em cárcere ou ameaçada por ele.
A mãe garantiu que em nenhum momento esteve sob ameaça do filho e que ele não apontou uma faca para ela. “Ele não me faria nenhum mal. Eu sabia disso”, afirma.
Segundo ela, toda a exaltação do filho foi em razão do surto psicótico que estava tendo e da negativa de internação em uma clínica de reabilitação.
Ela ressaltou ainda os prejuízos que o uso de drogas tem trazido para o rapaz, que é usuário de maconha, e para família.
Quadro de esquizofrenia
Desde os 15 anos, L.A.C.D., hoje com 22, já teve cinco internações por uso de drogas, segundo a mãe.
No dia 19 de outubro, ele saiu do Centro Psicossocial Adalto Botelho para acompanhar o nascimento da filha, após um período de quatro meses internado.
De acordo com a mãe, a médica informou que ele possui um quadro inicial de esquizofrenia, que é caracterizada por surtos e psicoses.
Além disso, ele é usuário de maconha, droga psicoativa que intensifica as alucinações da doença.
“As pessoas dizem que a maconha é uma droga tranquila. Maconha não é uma droga tranquila. Ela faz muito mal à pessoa”, relata a mãe.
Momentos de tensão
Na manhã de ontem (17), o jovem teria acordado alterado e iniciado uma discussão com a esposa. Ela decidiu sair da casa com a filha e pedir ajuda para a sogra.
Ao chegar no local e ver o estado do filho, a mãe disse que ele precisaria ser internado novamente. Ela foi ao 3º Batalhão da Polícia Militar para pedir ajuda, mas foi informada que deveria chamar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Ela, então, ligou para a emergência.
Quando os profissionais do Samu chegaram na residência, L.A.C.D teria se exaltado ainda mais e resistiu à tentativa de internação. Ele utilizou uma pá para se defender.
Nesse momento, a Polícia Militar precisou ser acionada para dar resguardo à atuação devido à ameaça. Ao avistar os PMs, o quadro do jovem piorou.
Armado com uma faca, ele começou a jogar pratos e até uma cadeira pelos muros.
Um dos militares informou à guarnição sobre o risco da operação. Caso L.A.C.D. reagisse à ação, os policiais reagiram em defesa. A mãe acabou ouvindo. “Não, vocês não vão atirar nele na minha frente, não”, disse em resposta.
Foi depois disso que ela decidiu entrar na residência e se trancar junto com o filho para tentar acalmá-lo.
“Se tiver que morrer, vamos morrer nós dois. Não vou abandonar você agora”, garantiu a mãe.
L.A.C.D. disse que não negociaria com nenhum policial militar com receio de ser alvejado.
O tenente-coronel Ronaldo Roque da Silva conseguiu convencer a mãe a abrir uma brecha no portão para que pudesse ter contato visual com o rapaz.
A partir dessa abertura, as negociações foram realizadas. Foi preciso um grande esforço de argumentação por parte do coronel para convencê-lo a ser sedado e levado pelo Samu.
Os profissionais deram quatro injeções para levá-lo sem que colocasse em risco a operação.