A letalidade da atuação das polícias em Mato Grosso tem aumento. É o que afirma o 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Tanto a Polícia Militar, quanto a Polícia Civil tiveram mais mortes em decorrência de suas intervenções, se comparados os anos de 2017 e 2018.
O levantamento foi publicado esta semana, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A Polícia Civil, que tem seu trabalho mais diretamente relacionado à atividade investigativa, havia registrado em Mato Grosso no ano de 2017, duas mortes em decorrência de alguma intervenção de seus agentes, sendo uma em serviço e uma fora de serviço. Em 2018, esse número quadruplicou, passando a 8 casos. Diferente do observado no estado, nacionalmente esse quadro regrediu cerca de 45% durante o mesmo período analisado.
Já a Polícia Militar, que atua no policiamento ostensivo e na repressão de crimes, matou durante suas ações, em Mato Grosso, 41 pessoas em 2017 e 69 em 2018, um aumento de aproximadamente 37%. O estado segue o ritmo do restante do país, em que, em média, a PM também se tornou mais letal. Juntas, as polícias vitimaram entre os dois anos, 120 pessoas. Ao todo, Mato Grosso está entre os estados que apresentaram maior crescimento do uso da força letal por parte de agentes policiais.
Com 74% de aumento entre 2017 e 2018, o estado ficou atrás apenas de Roraima (183,3%) e Tocantins (99,4%). Desse modo, esteve à frente de estados considerados mais violentos como Pará (72,9%), Sergipe (60,7%), Ceará (39%) e Rio de Janeiro (32,6%). Nacionalmente O estudo analisou, sob o aspecto nacional, o perfil das vítimas da letalidade das polícias. Mais de 99% das pessoas mortas são homens e 75,4% são pessoas negras.
Nesse sentido, o levantamento aponta para uma seletividade racial, já que em termos gerais, a população brasileira é constituída por 55% de negros. O levantamento também analisou a faixa etária das vítimas e constatou que os jovens correm muito mais perigo. Pessoas de até 29 anos representam 78,5% das vítimas de intervenções policiais que resultam em morte.