A Comissão de Indústria, Comércio e Turismo debateu em audiência pública nesta terça-feira (16) a questão do gás natural veicular (GNV) em Mato Grosso. O principal foco da discussão foi a situação de motoristas de aplicativo que enfrentam longas filas para abastecer os veículos com o GNV.
Quer ficar bem informado em tempo real? Entre no nosso grupo e receba todas as noticias (ACESSE AQUI).
O vice-presidente da comissão de Indústria, Carlos Avallone (PSDB), destacou a importância do encontro para que diferentes setores compartilhem informações. O parlamentar acredita que a partir de um diálogo amplo possam ser encontradas soluções para a escassez de oferta do gás natural veicular. Representantes de motoristas, do poder executivo estadual, da Agência Estadual de Regulação dos Serviços Públicos Delegados do estado (Ager/MT), empresários do setor de combustíveis, Federação das Indústrias participaram da audiência pública.
Motoristas de aplicativo de Cuiabá e Várzea Grande que usam o GNV contam com apenas quatro postos que oferecem o combustível. Segundo a presidente do Sindicato dos Motoristas por Aplicativo do estado (SINDMAAP/MT), Solange Merado Moares, cerca de 70% do consumo do gás natural veicular vendido por esses postos é feito pelos motoristas de aplicativo. Ela também falou sobre as longas filas que os profissionais vêm enfrentando. “Fico duas horas e meia, três horas na fila, todos os dias. Já almocei, tomei café e jantei enquanto esperava. É justo um trabalhador sair de casa de madrugada e tomar café numa fila de posto?”, questionou.
Solange Morais ainda ressaltou que a cada hora na fila, o motorista deixa de ganhar 50 ou 100 reais, pois nesse tempo ele poderia estar rodando. “Queremos infraestrutura e uma tarifa menor. Até a conversão do veículo para GNV está mais cara em Mato Grosso que nos outros estados”, pediu.
Empresários donos de postos de combustíveis relataram que faltam equipamentos para conseguirem atender mais pessoas e com mais agilidade. “Não tem equipamento no Brasil e nem no mundo”, resumiu Aldo Locatelli. Ele afirmou na audiência que a espera por um compressor é grande, além de o material ser caro. “Eu tenho capacidade de vender muito mais gás natural, mas há muita dificuldade para compra de equipamentos”, disse o empresário.
Também dono de posto, João Marcelo Borges, lembrou que já ofereceu GNV e tem infraestrutura pronta, mas também tem dificuldade de encontrar os aparelhos necessários. “A fila existe porque não há equipamento, o empresário tem de pensar antes de comprar se aquele equipamento vai ter manutenção, porque as máquinas quebram, podem não funcionar do jeito esperado”, salientou. “Abastecer com gás natural é mais barato, mas o sistema é mais penoso. Mesmo que o tempo de espera diminua, sempre tem fila, o motorista precisa sair do carro”, destacou.
Outro temor dos motoristas de aplicativo era que fossem autorizados sucessivos aumentos na tarifa do gás natural. No fim de outubro, a tarifa subiu dez centavos, após pedido da MT Gás e regulamentação tarifária da Ager. “Levamos em consideração que o valor era o mesmo desde 2019 e havia um descompasso entre receita e despesa. O custo correspondia a quase o valor total da tarifa antiga, com pouca margem para fazer os investimentos necessários”, justificou o representante da Ager, Thiago Fernandes. Porém, não são esperados aumentos sucessivos no curto prazo no preço mínimo do GNV.
O deputado Wilson Santos (PSDB) criticou a dependência que o estado tem do gás da Bolívia e defendeu que sejam feitos investimentos na Bacia do Parecis, que apresenta potencial para a exploração do gás natural. Avallone ainda sustentou que é preciso fazer pressão nos aplicativos para darem mais suporte aos motoristas que sofrem com o cenário de alta nos combustíveis.