O presidente da Assembleia Legislativa, Eduardo Botelho (DEM) disse nesta quarta-feira (17), que convidou o procurador-geral de Justiça, José Antônio Borges, para prestar informações aos deputados sobre o suposto envolvimento de membros do Ministério Público Estadual nos grampos telefônicos ilegais ocorridos na gestão do ex-governador Pedro Taques (PSDB), que ficou conhecido como grampolância pantaneira.
“Houve algumas conversar de alguns deputados, mas pedi para aguardar. Convidamos o procurador-geral e ele se dispôs a vir aqui conversar, esclarecer”
No entanto, Botelho se mostrou reticente em instaurar na Casa, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o esquema de interceptações telefônicas ilegais em Mato Grosso. Já é o segundo dia que o juiz Marcos Faleiros da Silva, da 11ª Vara Criminal Especializada Justiça Militar, dá seguimento aos interrogatórios dos militares envolvidos no esquema.
“Houve algumas conversar de alguns deputados, mas pedi para aguardar. Convidamos o procurador-geral e ele se dispôs a vir aqui conversar, esclarecer. Eu disse aos deputados o seguinte: se for pra criar uma CPI, cria em cima de convicção. Então, conversem com o procurador primeiro, escuta, analisa, pra ver se eles entenderem, eu não posso proibir, evidentemente, a criação. Mas estou pedindo que analisem mesmo antes, pra ver se é necessário e se será eficaz”, amenizou o presidente.
MP/MT
Procurador-geral José Antônio Borges
Fato é que o tema foi causa de amplo debate na Casa nesta terça-feira (16), logo após os depoimentos à Justiça dos coronéis Evandro Alexandre Ferraz Lesco e Zaqueu Barbosa. Entre os parlamentares que fazem coro pela criação da investigação está a vice-presidente da Assembleia, deputada Janaina Riva (MDB).
Ela usou a tribuna, por volta da meia noite, para pedir que José Antonio Borges, seja convidado a prestar esclarecimentos sobre o suposto envolvimento de membros do Ministério Público Estadual nos grampos. A deputada classificou 'os depoimentos de vergonhosos, expondo uma banda podre do Ministério Público'.
De uma instituição, ainda segundo ela, que deveria constitucionalmente zelar pelos direitos dos cidadãos. Mas que, no entanto, teria patrocinado os grampos ilegais e violado o direito fundamental à privacidade de centenas de pessoas, incluindo o dela, já que a parlamentar foi uma das grampeadas no esquema de arapongagem.
Dentre os envolvidos no esquema estariam o ex-coordenador do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), promotor Marco Aurélio de Castro e o ex-procurador geral do órgão fiscalizador, Paulo Prado. O esquema de ‘barriga de aluguel’ seria uma prática comum, adotada pelos coordenadores do Gaeco, em particular, pelo promotor Célio Wilson que teria solicitado em 2010, que ele [coronel Lesco] inserisse o telefone de um assessor do ex-deputado José Geraldo Riva, em uma investigação de desvio de dinheiro público, que viria a resultar na ‘Operação Imperador’ em 2015.