O diretor de atividades especiais, delegado Fernando Vasco Spinelli, rebateu as declarações da deputada federal Rosa Neide (PT), que afirmou que a ação desta segunda-feira (19), que cumpriu mandado de busca e apreensão em sua residência, no condomínio Alphaville, em Cuiabá, seria pirotécnica.
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Para Vasco, se a intenção fosse transformar a ação em um show, a Polícia Civil teria agido de outra maneira. “Pirotecnia em hipótese alguma, posso dizer que nós estivemos em três veículos descaracterizados. Se nós quiséssemos fazer pirotecnia, a postura seria totalmente contrária à que foi executada”.
Na casa da deputada federal, foram apreendidos documentos, que serão analisados. Secretária à época dos fatos, Rosa Neide é citada por algumas testemunhas como sendo a responsável por determinar a aquisição dos materiais.
“Ainda é cedo para dizer que ela [Rosa Neide] tem envolvimento, mas o que têm é algumas contradições no sentido de que ela disse que todo este material adquirido estaria estocado no departamento, mas não foi. Grande parte não foi estocada”, explicou o delegado Luiz Henrique Damasceno, responsável pela investigação.
Operação
A Polícia Civil de Mato Grosso cumpriu um mandado de prisão preventiva e uma ordem de busca e apreensão, na operação "Fake Delivery", deflagrada na segunda-feira (19) e que apura a aquisição de materiais destinados a escolas indígenas. O destino de mais de R$ 1,1 milhão em materiais supostamente entregue na sede da Secretaria de Estado de Educação (Seduc), é apurado.
O mandado de prisão foi expedido para o então secretário Adjunto de Administração Sistêmica, à época, Francisvaldo Pereira de Assunção, e as buscas e apreensão na residência da deputada federal Rosa Neide Sandes de Almeida, que era secretária na ocasião da aquisição dos materiais, no final do ano de 2014. O ex-secretário adjunto foi preso com apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Posto Gil, em Diamantino.
Cinco irregularidades foram detectadas, sendo elas: 1. Ausência de comprovação da necessidade de aquisição dos materiais de expediente para escolas indígenas no montante comprado; 2. Ausência de planejamento nas aquisições; 3. Ausência de comprovação de vantagens na adesão carona de registro de preço nº. 05/2013 – derivada do Pregão Presencial nº. 04/2013, da Fundação de Apoio e Desenvolvimento da Universidade Federal de Mato Grosso – Fundação Selva; 4. Ausência de elaboração de contratos, vez que foram substituídos por ordens de fornecimento; 5. Ausência de comprovação de destino de material de expediente no valor de R$ 1.134.836,76.
As testemunhas ouvidas indicaram que a aquisição seria uma determinação da então secretária, a deputada federal Rosa Neide Sandes de Almeida. Em seu depoimento na Delegacia Fazendária foi detectado contradições, razão que motivou o pedido de busca e apreensão em desfavor dela.
A Polícia Civil destaca que Francisvaldo Pereira de Assunção atualmente está cedido à Assembleia Legislativa do Estado de Mato Grosso, mas não há indicativo de participação de qualquer deputado estadual na investigação em andamento.
A apuração dos desdobramentos será concluída em autos complementares, com a finalização do inquérito policial em relação ao investigado preso preventivamente, que já responde a um processo por peculato tentado.