05 de Outubro de 2024

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POLÍTICA Segunda-feira, 23 de Setembro de 2024, 10:55 - A | A

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CORRIDA ELEITORAL

"Educação é um direito, não um privilégio", diz candidata que propõe gestão inclusiva e sustentável em Várzea Grande

Professora e vice-presidente do SINTEP, ela defende uma gestão focada em melhorar a educação pública, combater a privatização de serviços e promover a sustentabilidade.

Pablo Vicente | Redação

Na disputa pela prefeitura de Várzea Grande, Leiliane Borges (PT) promete não só mudanças, mas uma verdadeira transformação na cidade. A candidata, conhecida por sua luta sindical e defesa dos direitos dos trabalhadores, encara o desafio da política como uma extensão natural de sua militância. Professora e vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público (SINTEP), ela afirma que seu maior compromisso é com a educação, a gestão pública eficiente e os direitos da população mais vulnerável. 

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“Minha história é marcada por desafios, mas isso só me dá mais força. Cresci com orgulho da minha herança quilombola e trago essa força para a minha luta. Quero que Várzea Grande tenha uma gestão pública que priorize quem mais precisa, e isso começa pela educação”, disse a candidata. 

Leliane, que tem uma trajetória consolidada na área educacional, critica fortemente o descumprimento do Plano Nacional de Educação (PNE) em Várzea Grande. Para ela, a educação deve ser prioridade absoluta, e a atual administração tem falhado em seguir as diretrizes básicas do plano, que prevê, entre outras metas, a universalização do acesso ao ensino básico de qualidade. 

No âmbito nacional, o PNE, que completa 10 anos, não é destaque pelas metas alcançadas. Apenas 20% de suas metas foram cumpridas, segundo especialistas. A candidata pretende mudar esse cenário localmente. “Em Várzea Grande, a situação é ainda mais crítica. Precisamos garantir o pagamento do piso salarial dos professores e assegurar que todos, contratados e efetivos, tenham direito ao terço de oratividade, como manda a lei”, afirmou. Ela também destacou a necessidade de concurso público para reduzir a dependência de professores contratados, uma prática que, segundo ela, precariza o ensino e os direitos trabalhistas. 

A história da candidata começou muito antes de sua militância política. Nascida em uma família descendente de quilombolas, ela e seus irmãos andavam mais de 10 quilômetros para chegar à escola, onde eram ensinados por sua avó, a única professora. Essa experiência moldou sua visão sobre a educação. "Lá no quilombo, tínhamos que optar entre estudar ou não. Não havia estrutura, nem apoio. O estudo dependia da comunidade", lembra. 

A infância difícil, a falta de material escolar, e os vários percalços, gerou um senso de responsabilidade pela educação. Hoje, a candidata busca garantir que crianças de comunidades como a sua tenham acesso à educação de qualidade, sem os mesmos obstáculos que enfrentou. "Educação é um direito, não um privilégio. E meu compromisso é fazer com que as crianças de Várzea Grande não precisem passar pelo que passei", enfatizou. 

Outra questão de peso em sua campanha é a luta contra a privatização de serviços públicos, como o Departamento de Água e Esgoto (DAE). A candidata vê essa prática como um caminho que favorece a elite e prejudica os mais pobres. “Privatizar não é a solução. O problema não é a falta de água, mas sim a má gestão. Temos que recuperar as nascentes e investir em projetos que garantam a captação e distribuição de água de forma sustentável”, defende. 

Ela critica a gestão atual de Várzea Grande pela falta de planejamento a curto, médio e longo prazo, o que acaba prejudicando a população. "Temos uma crise fabricada para justificar a privatização, quando o problema é a falta de infraestrutura adequada", afirmou. A candidata pretende investir na construção de novas estações de tratamento de água e garantir que os projetos ambientais, como a recuperação das nascentes, sejam executados.  

No entanto, os desafios da candidata não são apenas administrativos. Como mulher negra, ela tem enfrentado ataques racistas durante a campanha. Recentemente, foi chamada de “macumbeira” por usar turbante, um símbolo de sua herança quilombola. Para ela, esses ataques revelam o racismo estrutural ainda presente na sociedade, mas não a fazem recuar. “Se fosse uma mulher branca, já estaria eleita”, desabafa. Ainda sim, é enfática ao dizer que continuará sua luta por igualdade racial e pelos direitos das minorias. 

Ela menciona que, durante um debate, foi acusada de usar o turbante como uma ferramenta para promover sua religiosidade, o que a entristeceu profundamente, não por ofender sua fé, mas por simbolizar o quanto ainda é preciso lutar contra a intolerância religiosa e racial no país. “A questão não é o turbante em si, mas o que ele representa para mim e para a minha comunidade. É uma extensão da minha identidade, uma forma de resistir e afirmar quem sou”, enfatizou. 

Com um histórico de lutas no campo da educação e dos direitos humanos, a candidata tem um projeto claro para o futuro de Várzea Grande. Ela quer implantar uma administração pautada pela transparência, inclusão e justiça social, com um foco especial na educação e na distribuição de recursos para os mais necessitados. 

Seu plano de governo inclui desde a ampliação do acesso às creches, com escolas de nível básico em tempo integral, até a implantação de políticas públicas de desenvolvimento sustentável, como o incentivo à recuperação de nascentes e o reflorestamento da cidade. “Precisamos de um projeto que pense ao longo prazo, que cuide do meio ambiente, mas que também promova emprego e renda para a população. O desenvolvimento sustentável deve ser a base da nossa gestão”, defende. 

A sindicalista também defende a produção sustentável e acredita que a cidade precisa se reconectar com a terra. Uma de suas propostas é incentivar o plantio doméstico e comunitário, algo que ela já viu em prática em outros lugares. "Precisamos incentivar as pessoas a plantarem em seus quintais, mesmo que em pequenos espaços, como varandas. Árvores frutíferas e legumes podem ser cultivados até em áreas urbanas, e isso ajuda tanto a saúde das pessoas quanto o meio ambiente", destacou. Para ela, essa prática pode ser implementada como parte de um projeto maior de sustentabilidade e geração de renda. 

Com 35 anos dedicados à educação, a candidata é também uma líder sindical atuante. Durante sua carreira, alfabetizou crianças e adultos e sempre esteve à frente das lutas por melhorias nas condições de trabalho dos profissionais da educação. Ela defende que a educação de qualidade só será possível com professores valorizados e bem remunerados. "Nós, professores, somos à base de todas as outras profissões. Se a educação não for valorizada, todo o sistema sofre", declarou.

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