Da Redação
Dois pretensos candidatos a prefeito de Cuiabá viram nos últimos dias seus projetos eleitorais naufragarem, antes mesmo de serem colocados para apreciação dos filiados a seus respectivos partidos, por envolvimento em investigações da Polícia Federal. O ex-deputado federal e atual suplente Valtenir Pereira (MDB), que vinha tentando viabilizar uma possível candidatura, se viu alvo da segunda fase da Operação Tapiraguaia, deflagrada no último dia 22 de agosto pela Polícia Federal com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Ministério Público Federal (MPF).
A operação investiga esquema de desvio de recursos federais e pagamento de propinas nas prefeituras de Confresa (1.160 km a Nordeste de Cuiabá) e Serra Nova Dourada (1.125 km a Nordeste) e apontou que o ex-deputado intermediou a contratação de empreiteiras responsáveis por obras de infraestrutura nos municípios, junto ao Ministério da Infraestrutura, responsável pela liberação de recursos federais. Ele seria o líder de um esquema criminoso que desviou mais de R$ 600 mil das prefeituras investigadas. Os valores utilizados nas propinas provinham na maioria das vezes de medições fraudulentas, como atestados de serviços não realizados ou realizados a menor. Os montantes eram repassados aos gestores municipais e ao ex-deputado, por meio de depósitos/transferências em contas de terceiros. Já o ex-juiz Julier Sebastião da Silva (PDT) continua envolvo em polêmicas com a justiça, conforme demonstrado pelo jornal Centro Oeste Popular em sua edição nº 849, quando lembrou que ele foi investigado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região por suposto favorecimento em decisões judiciais a um grupo de empresários, após investigação das empresas Globo Fomento Mercantil Ltda. e Comercial Amazônia Petróleo – que estariam realizando atividades privadas de instituição financeira sem autorização do Banco Central do Brasil, bem como estariam auxiliando criminosos a ocultar e dissimular a natureza de recurso provenientes de atividades ilícitas.
Por conta dos supostos crimes, em agosto de 2011, foi deferida a interceptação telefônica de várias pessoas envolvidas no suposto esquema, dentre elas, o advogado Tiago Vieira de Souza Dorileo, suspeito de ser o ‘lobista de sentenças’ do esquema criminoso. Ele teria negociado com o então juiz federal Julier Sebastião da Silva para beneficiar a construtora Encomind Engenharia Com. e Indústria Ltda, na retirada de certidões negativas de impostos. O processo contra Julier foi arquivado, se transformando em inquérito policial, que resultou em ação penal que foi proposta neste ano, mas que tramita em segredo de justiça.
Ambos pré-candidatos vinham adotando discurso crítico ao trabalho do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), na tentativa de ganhar dividendos políticos, porém, já são dados como cartas fora do baralho eleitoral. No caso de Valtenir, ele não se conformou com o fato de Emanuel lançar seu filho Emanuel Pinheiro Neto, o Emanuelzinho (PTB), a deputado federal. Desde então tem se colocado contra o prefeito, ansioso por disputar a Prefeitura e inviabilizar um possível projeto de reeleição de Pinheiro. Com a Operação Tapiraguaia, viu seu “balão de ensaio” voar, não conseguindo sequer viabilizar uma pré-candidatura dentro das hostes emedebistas.
Quanto a Julier, viu perder espaço dentro do PDT para o maestro Fabrício Carvalho, da Orquestra Sinfônica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Com a polêmica junto à Justiça vê cada vez mais longe uma improvável candidatura ao Alencastro. Em 2016, quando conseguiu obter aval do partido para disputar a Prefeitura, Julier ficou em quarto lugar entre os seis que estavam na disputa. Obteve 23.307 votos, o que equivale a 8,12%. Agora, Julier vê o presidente da legenda, Alan Kardec, dar clara preferência a Fabrício na disputa do próximo ano, tanto que o novo comandante do PDT no Estado já cuidou de se apressar e lançar como pré-candidato o maestro, ignorando o desejo do ex-magistrado.
