Da Redação
De líder comunitário e camelô a presidente da Câmara de Vereadores de Cuiabá. Essa trajetória vitoriosa já seria garantia suficiente para uma reeleição de Misael Galvão, presidente do Legislativo cuiabano. Mas uma gestão desastrada coloca em risco um novo projeto eleitoral. Os trabalhos parlamentares continuam a decepcionar a população cuiabana, que vê discussões vazias tomarem conta das sessões, inclusive envolvendo questões religiosas, além de supostas agressões entre parlamentares, sem que o presidente da Mesa Diretora demonstre pulso firme para conduzir os trabalhos, não conseguindo recuperar o prestígio do Legislativo frente a sociedade.
Enquanto os parlamentares se digladiam, Misael Galvão briga para manter as benesses tão criticadas e que fizeram com que a Câmara ganhasse o triste título de “Casa dos Horrores”. Para se ter ideia, na semana passada, em entrevista a um dos maiores telejornais do Estado, mais uma vez defendeu o pagamento da Verba Indenizatória aos vereadores, sem a necessidade de prestação de contas. Como justificativa, Misael apontou a VI como necessária para o desenvolvimento de atividades parlamentares.
“O que importa é o que estão fazendo de correto. Estamos trabalhando para a nossa cidade e temos que prestar conta do nosso trabalho. Sobre a verba, temos que parar de ficar discutindo isso, pois é algo legal”, pontuou. A sanha pelo recurso é tanta, que Misael tentou aumentar o valor da VI, e só não o fez devido parecer contrário até mesmo do Superior Tribunal Federal (STF); mesmo assim pediu à Procuradoria Geral da Câmara irá recorrer da decisão. Atualmente a verba indenizatória dos vereadores é de R$ 18.9 mil, após o Tribunal de Justiça ter negado uma lei que estabeleceria que o valor "extra" seria de 75% da VI dos deputados estaduais. Caso essa lei estivesse em vigor, a verba indenizatória dos 25 vereadores da capital seria de pouco mais de R$ 48 mil, já que a dos parlamentares da Assembleia Legislativa é de R$ 65 mil.
Não se importando com desgaste, mas sim visando comodidade com o dinheiro público, Misael ainda demonstrou o interesse em alugar 32 veículos, sendo 30 carros, uma van e um ônibus. a licitação para a locação de veículos - na modalidade tomada de preços - está em andamento e ainda não se sabe o valor que será desembolsado. Vinte e cinco veículos serão entregues aos gabinetes parlamentares e sete serão repassados às secretarias. Já o ônibus e a van servirão para o andamento de projetos da Câmara. Como justificativa, Misael diz que o Parlamento Municipal deve garantir a locomoção dos vereadores para exercer suas funções legislativas de fiscalizar a atender as demandas da população cuiabana. Porém, é bom lembrar que cada vereador possui uma remuneração mensal de R$ 15 mil. Além disso, recebe a verba indenizatória, justamente para suprir gastos oriundos do mandato eletivo, não justificando o aluguel dos veículos. No Plenário, As discussões têm se tornado rotineiras, chegando a agressão entre os vereadores.
No âmbito de agressões houve desentendimentos entre os vereadores Renivaldo Nascimento (PSDB) e Abílio Júnior (PSC) e mais recentemente entre Abílio e o vereador Juca do Guaraná (Avante), e mais uma vez foi comprovada a incapacidade do presidente do Legislativo, pois preferiu colocar “panos quentes”, sendo que ele próprio já se desentendeu e trocou palavras duras, levando o nome da Assembleia de Deus para dentro do Legislativo, ao discutir algumas vezes com o vereador Abílio. Desgastando ainda mais a imagem da Câmara, Misael ainda contratou o ex-secretário de estado de Trabalho e Assistência Social de Mato Grosso (Setas-MT), Jean Estevan Campos Oliveira, em cargo de comissão de chefe de gabinete parlamentar.
Ele é acusado pelo Ministério Público Estadual (MPE) de agir em conluio com a ex-primeira-dama Roseli Barbosa para o desvio de dinheiro público da Setas, por meio de institutos e cursos de qualificação fraudulentos. Parecendo viver em outro país, onde certamente a economia está melhor que a vivenciada pelo brasileiro, Misael agora quer construir uma nova sede, sob a justificativa de que a atual não comporta mais o Legislativo, que conta com 25 vereadores. Misael estuda uma Parceria Publico Privada (PPP) para colocar o projeto em prática, porém, só não informou até o momento de onde tirará o recurso necessário para a edificação da nova sede.