18 de Julho de 2025

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POLÍTICA Terça-feira, 09 de Julho de 2019, 14:54 - A | A

Terça-feira, 09 de Julho de 2019, 14h:54 - A | A

O CRIME VALE A PENA

Possível roubo de 4 milhões que favoreceu A Gazeta segue impune

Redação

A Gazeta, inspirada por Blairo Maggi, pressiona a Polícia a arrancar mais de Silval. Mas  quando será que a Polícia agirá contra Dorileo Leal?   Da Redação   Recentemente, o jornal A Gazeta disparou uma série de reportagens - “O Crime Vale A Pena” - para tentar fazer crer que o ex-governador Silval Barbosa teria roubado muito dos cofres públicos de Mato Grosso e devolvido bem menos do que poderia devolver.

Uma série de reportagens marcada aparentemente por um ousado cinismo jornalístico já que, quando se avalia os possíveis desdobramentos da delação de Silval, o que se vê é que tem muita gente que ainda não foi devidamente investigada como deveria ser – e entre esses protegidos encontramos justamente o dono do Grupo Gazeta de Comunicação, o empresário João Dorileo Leal.

Se o crime compensa para alguns, como sugeriam as reportagens de A Gazeta, talvez Dorileo possa estar entre os beneficiários desta estranha sorte, bancada pelo Ministério Público Federal e Estadual e demais autoridades dos pretensos órgãos de controle, já que o que Silval relatou sobre Dorileo não foi ainda devidamente esclarecido e a possível apropriação criminosa de pelo menos R$ 4 milhões de reais continua a reclamar pela devida punição. Em sua "delação monstruosa", assim denominada pelo ministro Luiz Fux, do STF, o governador Silval expôs as relações espúrias com dezenas de figurões em Mato Grosso, a maioria dos quais permanecem impunes, enquanto Silval vai sendo chutado volta e meia como o grande líder das quadrilhas que assaltaram os cofres públicos do Estado.

Entre esses figurões, pode-se arrolar o empresário Dorileo Leal que, segundo delatado por Silval, também teria mantido estreita e lucrativa relação com a quadrilha que governou os destinos de Mato Grosso naquele período. Se Silval roubou, ele garante que foi para beneficiar também personalidades que gravitavam em torno de sua administração, como o dono de A Gazeta que pode ter faturado nada menos que R$ 4 milhões de reais com a execução de possíveis serviços gráficos para o Governo do Estado, sem ter que fazer muito esforço, já que, pelo que Silval delatou junto às autoridades do MPF e do STF, esse dinheiro foi pago à empresa de Dorileo Leal sem qualquer contrapartida à secretaria de Comunicação de Mato Grosso.  

O ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux retirou o sigilo da delação premiada monstruosa do ex-governador de Mato Grosso Silval Barbosa (PMDB) exatamente numa sexta-feira, dia 25 de agosto de 2017, há quase dois anos atrás. Foi através destes documentos que se descortinou a descontrolada roubalheira que se instalou em Mato Grosso em conluio criminoso gerado a partir de uma poderosa articulação entre políticos como Blairo Maggi, Silval Barbosa, José Geraldo Riva, Éder Morais, Pedro Nadaf, Sérgio Ricardo, José Carlos Novelli, Pedro Henry e uma corrente infindável de aproveitadores que faturaram e engordavam as suas finanças com as diversas oportunidades geradas por esta coligação criminosa de políticos.

Sempre lembrado como um dos maiores beneficiários de toda esta roubalheira, o ex-governador Blairo Maggi, padrinho de Silval, notadamente no episódio da compra de vagas no Tribunal de Contas, alegou no início deste ano de 2019, depois de patrocinar uma pretensa auditoria nos negócios de seu governo e do governo do seu apadrinhado, que Silval teria se apropriado de mais de R$ 1 bilhão de reais, mas que fora constrangido, nos acordos com o Ministério Público Federal a devolver o que Maggi considerava uma quantia irrisória, R$ 70 milhões apenas. Pelo jeito, Maggi quer que Silval pague mais, perca muito mais do seu patrimônio - e foi nesta  pista, seguindo possível orientação do próprio Blairo Maggi, que o dono de A Gazeta, Dorileo Leal, colocou sua equipe de reportagem para investirem mais uma vez contra Silval.

Chutar cachorro morto nunca é muito difícil e todo mundo percebe que Silval aparentemente chegou ao fundo do poço. Só que Silval não parece ser tão fraco como Blairo Maggi e Dorileo Leal imaginam e, usando as próprias páginas de A Gazeta, o ex-governador, naquele seu atual estilo de pedir desculpas por tudo, rebateu que: “O que a imprensa coloca é que o Silval Barbosa roubou R$ 1 bilhão. Não. Eu relatei atos ilícitos de empresas que receberam benefícios de desapropriações, para onde foram os recursos e quem foram os beneficiados. O que eu estou devolvendo é infinitamente maior do que eu aquilo de que eu me apropriei, pessoalmente. Tanto que estou me desfazendo de bens de família adquiridos há mais de 25 anos para poder honrar o acordo”.

De acordo com o que disse à Gazeta o ex-governador Silval - que é delator premiado e não pode mentir sob pena de voltar pro xilindró - , os valores estabelecidos para a sua devolução não foram inventados na sua cabeça mas definidos em estreita negociação com as autoridades do Ministério Público Federal (MPF).  A partir daí, Silval, sem citar nomes, botou quente pra cima de Blairo Maggi e de Dorileo Leal: “Além de mim, quem tem que devolver e já está devolvendo os valores são as empresas. Como a própria Gazeta noticiou em matéria, que o Estado já recuperou mais de R$ 2,5 bilhões, a partir dos dados colhidos em minha delação. Vou citar exemplo, a JBS teve incentivo, foram autuados, eles receberam R$ 90 milhões e devolveram R$ 400 milhões, porque o Estado e o Ministério Público está cobrando com multas e correções”.  

Para quem leu a série de reportagens de A Gazeta, intitulada "O Crime Vale a Pena", que procurou fazer crer que o crime compensou enormemente para Silval Barbosa, o que ficou evidente é que a reportagem não passou de mais uma enrolação, que não acrescentou  nada a toda apuração que até aqui já fora feita, seja pelas autoridades policiais, seja pelas equipes de reportagem dos mais diversos jornais e sites e TVs e emissoras de rádio de Mato Grosso.

Pelo que Silval argumentou o montante roubado dos cofres públicos de Mato Grosso certamente passou do 1 bilhão de real, como relembrou Blairo Maggi, só que ninguém sabe ao certo o que foi recuperado de todos aqueles que também teriam participado do assalto e foram citados pelo próprio Silval em sua delação. Pois foram muitos os aproveitadores que teriam se beneficiado daquele ambiente de roubalheiro, como no caso do próprio dono de A Gazeta, Dorileo Leal, que procura expor cada vez mais Silval, enquanto seu próprio possível envolvimento no escândalo, delatado pelo ex-governador, permanece nas sombras.

  O que se precisa esclarecer, com relação a Silval mas também com relação a Dorileo Leal é o que vai relatado nas páginas 92 a 93 da delação monstruosa do ex-governador do MDB, onde ele contou – e sem poder mentir, para não correr o risco de voltar a ser preso – sob o subtítulo de “Propina das Empresas Gráficas” que a Gráfica Millenium, do grupo Gazeta, prestou serviços gráficos às campanhas majoritárias e as campanhas de deputados federais e estaduais nas eleições de 2010, ficando com um saldo para pagamento de 4 milhões de reais.

Passada a campanha, Dorileo Leal passou a fazer pressão sobre Silval para receber esse dinheiro e o então governador, acionando Éder Moraes articulou um empréstimo junto ao Bic Banco em favor de A Gazeta, empréstimo esse que Dorileo Leal, segundo conta Silval, quitou com valores recebidos do Estado, sem que tivesse prestado qualquer serviço ao Estado. Uma possível fraude, sem tirar nem por, que precisa ser esclarecida. Notadamente por quem fica por aí aparentemente bancando o moralista sem moral e manchetando que outros, que não ele, ganharam muito praticando crimes em Mato Grosso. 

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