No dia 06 de junho, durante uma sessão na Câmara Municipal de Barão de Melgaço (121 km de Cuiabá), o vereador Aelton José Gonçalves (PRTB), conhecido por ser o parlamentar que mais destinou emendas para o município, fez um forte desabafo ao ter seu requerimento para fiscalização de obras públicas reprovado pela maioria da Casa. O parlamentar, que já viabilizou recursos para tratores, vans, custeio e equipamentos de saúde, lamentou a falta de transparência e classificou a atual legislatura como “vergonhosa”.
“Entrei aqui nessa casa na gestão passada e, para ter resposta de requerimento, era preciso até mandado de segurança. Eu nem culpo a prefeita. Ela só age assim porque a Câmara permite. Fico triste, mas não vou parar. O que puder fazer para ver Barão se desenvolver, vou fazer. Estou aqui por missão de Deus e por confiança do povo”, afirmou o vereador em plenário.
O parlamentar também destacou sua origem humilde e reafirmou seu compromisso com o povo. “Não sou de falar bonito, fui criado na luta, com meu pai e minha mãe, mas tenho caráter, dignidade e princípio. Essa casa hoje nos deixa triste”, relata.
A principal crítica se refere à reprovação de um requerimento de prestação de contas de obras da Prefeitura que já estão com mais de um ano e meio de atraso. A base aliada da prefeita votou contra a iniciativa de fiscalização, o que gerou revolta não só do vereador, mas também entre moradores da cidade, que têm cobrado mais transparência e andamento das obras públicas.
Diante da atual situação, é importante lembrar que, no ano passado, os vereadores de Barão de Melgaço instauraram uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a prefeita Margareth de Munil (União) por suspeitas de corrupção.
A investigação está relacionada à Operação Gomorra, deflagrada no último dia 7 pelo Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco), que apura um suposto esquema liderado pelo empresário Edézio Corrêa. O grupo empresarial ligado à Corrêa possui contratos com mais de 100 prefeituras e câmaras municipais em todo o país, totalizando cerca de R$ 1,8 bilhão — e agora está sob suspeita.
A abertura da CPI foi solicitada pelo empresário Maurezi Leopoldino Dias, que afirmou que as investigações do Naco indicam a existência de um esquema de adulteração de notas fiscais dentro da Prefeitura de Barão de Melgaço. Segundo a denúncia, a prefeita Margareth estaria autorizando o uso de uma "carta coringa" da empresa Centro América Frotas para abastecer veículos de vereadores, além do suposto pagamento de propinas por meio de notas fiscais fraudulentas.
“Os autos da investigação descrevem atos de possível desvio de verbas públicas visando beneficiar uma empresa específica. A gravidade dos fatos evidencia a necessidade de investigação por parte desta Casa de Leis, assegurando à prefeita o direito à ampla defesa e ao contraditório”, afirma trecho da denúncia apresentada por Dias.