30 de Outubro de 2024

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VARIEDADES Segunda-feira, 08 de Julho de 2019, 09:15 - A | A

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GASTRONOMIA

Da profecia em um sonho ao prêmio de inovação nacional: conheça o ‘Pé de Picolé’

Olhar Direto

Foi em um sonho que Clóvis ouviu um chamado: vai para Cuiabá e monte uma sorveteria para sua irmã Eunice. Ele não teve dúvidas de que a ordem era de Deus, e atendeu ao chamado, viajando de Goiás a Mato Grosso com um caminhão carregado com freezer, embalagem, polpa de fruta e duas máquinas, uma de picolé e uma de sorvete. Assim nasceu a ‘Frutos da Terra’, pouco antes de 2004. Em 2019, 15 anos depois, com novo nome e proposta, Haliny de Abreu Teodoro, filha de dona Eunice, trouxe para casa um prêmio de R$40 mil em consultorias, que venceu durante a 8ª edição do Congresso Brasileiro de Inovação da Indústria, em São Paulo. Como competidores, ela tinha desde indústrias de submarino até a gigante ‘Shell’, mas foi sua microempresa, ‘Pé de Picolé’, que encantou a todos.


Haliny entrou no negócio seis anos depois da ‘surpresa’ de seu tio Clóvis. Antes disso, sua mãe, Eunice, comandou o ‘Frutos da Terra’ em uma lojinha de fábrica no bairro Jardim Cuiabá, onde encantava os clientes com sabores novos para a época, como melancia, buriti, pequi, gabiroba, amendoim com pedaços, coco com pedaços, e muito mais.

 



Em junho de 2017, a família decidiu contratar uma consultoria do Senai, a princípio somente para fazer a tabela nutricional dos produtos. “Vendo todas as nossas dificuldades de organização interna, eles falaram: ‘Vocês precisam de uma consultoria para manufatura, para organizar os processos internos”, lembra a empresária.

Eles aceitaram, e as mudanças vieram com tudo, casando, inclusive, com a mudança de nome da marca. “A gente mudou o nome porque todo mundo falava ‘Sabores da Terra’, ‘Delícias da Terra’, ‘Delícias do Cerrado’... e de um tempo pra cá a gente teve que fazer essa transição da marca. A gente resolveu mudar por causa dessa confusão. O nome ‘Frutos da Terra’ é bonito, tem até na bíblia, mas é um nome que não pegou. Então contratamos um branding para estruturar a marca, e aí surgiu o Pé de Picolé”.

A consultoria, no entanto, mudou muito mais do que o nome. “A gente queria maior rendimento, precisava melhorar a produção, e ter tempo maior para nos reunirmos semanalmente, que era algo que a gente não estava conseguindo fazer. E foi dando certo”, lembra.



Somente com algumas mudanças simples de método de trabalho, a empresa conseguiu, por exemplo, diminuir a quantidade de freezers ligados – o que, consequentemente, diminuiu a conta de luz – organizar a câmara fria, a área de produção, e até mesmo a quantidade de quilômetros que os funcionários caminhavam dentro da fábrica – o que resultou em colaboradores mais dispostos. No final das contas, a produtividade aumentou 62,5% (quando a meta era apenas 50%), e a movimentação na indústria, 97,3%.

Foram essas inovações que Haliny levou para o Congresso em São Paulo. Ali, no entanto, tinha mais um desafio. A votação seria do público, após uma apresentação do case. O ‘Pé de Picolé’, infelizmente, ficou com o último horário do último dia para contar sua história.

“A gente não ia conseguir uma boa votação se fosse só por isso, porque dentro do estande passavam muitas pessoas... Alguns assistiam, outros não tinham tempo de assistir. Então o que eu comecei a fazer...”, conta a empresária. “Enquanto os outros concorrentes ficavam só esperando a hora da apresentação, eu comecei a me apresentar de acordo com o que eu aprendi no curso para quem passava no estande”.


O tal ‘curso’ foi um curso de comunicação que ela fez também no Congresso. Com as técnicas que aprendeu, ela passou a ‘vender’ sua empresa para todos que passavam por ali e se interessavam pelo tema. E foi assim que conseguiu levar o prêmio, concorrendo com outras 39 empresas, como fábricas de lingerie, fábricas de biquíni, indústria de avião, de rações, de submarino, e até a Shell e a Petrobrás.

“As outras empresas começaram o processo e conseguiram um número expressivo [de crescimento], mas não tanto quanto a gente. E apesar delas serem empresas grandes, que tem os processos melhores que os nossos, que tem dinheiro para investimento, que tem às vezes até tecnologia além do que a gente tem, eles não deram continuidade com a porcentagem tão boa. Eles não conseguiram além do que a gente conseguiu”, explica.

Pé de Picolé



Como prêmio, o ‘Pé de Picolé’ ganhou R$40 mil em consultoria, o que significa que vem ainda mais inovações por aí. Atualmente, com uma loja no Shopping Estação Cuiabá, a sorveteria impressiona pela beleza e o colorido da vitrine, e também pela inovação.

Os picolés ‘tradicionais’ continuam à venda, com o nome de ‘picolé de casa’. No entanto, quem quiser pode incrementá-lo com cobertura de chocolate ou chocolate branco, e ainda escolher confeitos para colocar em cima. Ele vem em uma caixinha para facilitar o consumo.

Serviço

Pé de Picolé
Loja de Shopping – Estação Cuiabá – L3
Loja de rua: Av. Historiador Rubens de Mendonça, 1596 - Miguel Sutil

 

 

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