O mês de janeiro foi marcado por um período longo de chuvas, após passar por uma seca e calor no estado de Mato Grosso. A população tem o conhecimento sobre as fases climáticas do estado, mas dessa vez foi algo surpreendente para todos.
Em 2001, a capital sofreu com a segunda enchente, devido à forte chuva. O acontecimento durou cerca de cinco horas e causou a morte de 15 pessoas, deixando cerca de 1.300 famílias desabrigadas. Conforme as informações, as vítimas residiam nas proximidades dos córregos e rios que atravessam a cidade. O principal rio da cidade, o Cuiabá, subiu três metros acima de seu nível habitual. Muitas pessoas tentaram se refugiar da inundação nos telhados de suas casas. Treze pessoas que estavam nas áreas mais altas das residências foram resgatadas por helicópteros.
Os desabrigados foram encaminhados para prédios públicos, escolas e centros comunitários.
Com a chegada intensa das tempestades neste ano, diversos bairros foram prejudicados pelos alagamentos e inundação das casas mais baixas. Segundo o Corpo de Bombeiros, a catástrofe natural alagou o antigo Pronto-Socorro, ruas, casas e carros totalmente ilhados pela chuva.
Diante desses fatos, foram registradas quatro ocorrências de risco de queda de árvores e uma chamada de risco de penetração. Conforme o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN), choveu 103mm em Cuiabá. Com a intensidade da chuva, ruas e avenidas da capital ficaram alagadas, dificultando a circulação de pedestres e veículos. Muitos moradores sofreram danos materiais devido às inundações.
No dia 1 de fevereiro, o mesmo fenômeno natural aconteceu novamente e preocupou a sociedade de Cuiabá e Várzea Grande com o pouco tempo da última enchente. Segundo a Defesa Civil de Cuiabá, a região central da cidade registrou 66 mm de chuva, em contrapartida, a região do São Gonçalo chegou a 40 mm. Mesmo com o volume e densidade da água, não houve registros de ocorrências graves.
A equipe do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso informou à imprensa que recebeu 11 ocorrências de inundação e 5 de queda de árvores.
Os registros mostram que as áreas mais afetadas foram a Avenida Fernando Corrêa da Costa e a região do Coxipó, com grande volume de água dificultando a movimentação dos veículos. Já na região central da cidade, a Avenida XV de Novembro sofreu com o alagamento.
Em Várzea Grande, o Hospital Metropolitano também foi impactado pela chuva. Vídeos registraram a água invadindo alguns quartos onde pacientes estavam internados. Em nota, a SES-MT (Secretaria de Estado de Saúde) informou que a forte chuva afetou algumas áreas da unidade e a equipe de obras e manutenção foi acionada para resolver o problema.
O jovem Gabriel Badan Dorileo Leite, 28 anos, morador do bairro Bela Marina, em Cuiabá, contou com exclusividade que teve parte da sua casa alagada e quase perderam o seu animal de estimação e um carro.
“Quase perdemos dois jabutis na enchente (quase afogaram), entrou água no carro, mas, nada de muito grave, tive que fazer as correrias de levantar alguns móveis e separar algumas coisas, mas nada de muito substancial”, comenta.
Gabriel relatou que não chegaram a perder os moveis, mas, ficaram ilhados por horas até a água abaixar.
Além das cidades centrais, os municípios do interior de Mato Grosso também foram afetados. Ao todo, 14 cidades decretaram emergência e 20 seguem sendo monitoradas pela Defesa Civil do estado. O decreto de emergência vale por 180 dias e prevê a autorização das ações emergenciais para atender à população.
O estado registrou uma média de 171,4 mm de chuvas nos primeiros 15 dias de janeiro, o que representa 80% do total registrado no mesmo mês de 2024, conforme dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Em resposta aos danos causados pelas chuvas intensas, o governo criou uma sala de situação para monitorar os impactos. Na última sexta-feira (17), o Corpo de Bombeiros resgatou quatro pessoas em Paranatinga, uma das cidades mais afetadas pelo temporal.
Parte de Paranatinga foi inundada após os rios Paranatinga e Xavantino transbordarem. Vídeos e fotos que circulam nas redes sociais mostram diversos bairros submersos. Os bombeiros relataram que um acumulado de 135 mm de chuva em 24 horas resultou no alagamento de cinco bairros.
Segundo o levantamento da pesquisa realizada pela equipe do Jornal Centro Oeste Popular, as enchentes são acontecimentos naturais, que, por sua vez, têm a acontecer. Mas, um dos motivos que causam as grandes enchentes e situações alarmantes é atribuído à falta de planejamento urbano, poluição, impermeabilização do solo e à ausência de preservação do meio ambiente.
Segundo o Inmet, em caso de rajadas de vento, a recomendação é evitar se abrigar debaixo de árvores, devido ao risco de queda e descargas elétricas.
O Instituto também orienta que os veículos não sejam estacionados próximos a torres de transmissão e placas de propaganda, que se evite o uso de aparelhos eletrônicos conectados à tomada.