O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), concedeu entrevista nesta terça-feira (9) durante o evento de prestação de contas da Prefeitura, realizado no Tribunal de Contas do Estado (TCE). Na ocasião, apresentou um panorama das finanças do município e as estratégias para enfrentar a crise fiscal herdada da gestão anterior. Entre as medidas destacadas estão o incentivo à regularização fundiária, à construção civil e a novos empreendimentos como forma de ampliar a arrecadação sem criar novos impostos.
Segundo o prefeito, é essencial aumentar a base de contribuintes para fortalecer o caixa municipal. “Ao ampliar a base de arrecadação, aumentamos a entrada de recursos sem criar novos tributos. A regularização fundiária, por exemplo, permite que mais imóveis contribuam com IPTU, TBI e outros impostos, além de fomentar vendas, ampliações e valorização imobiliária”, afirmou.
Abílio também ressaltou que empreendimentos de médio e alto padrão elevam a arrecadação, sobretudo nas áreas ao redor de grandes condomínios. Os recursos extras, segundo ele, serão usados para quitar dívidas e manter obras e serviços essenciais.
Durante a entrevista, o prefeito revelou que a Prefeitura acumula mais de R$ 700 milhões em dívidas de curto prazo, valor fora da Lei Orçamentária Anual (LOA). Para enfrentá-las, será enviado à Câmara Municipal um projeto de parcelamento, com prazos entre 24 e 36 meses. Empresas que oferecerem maior desconto receberão antes; as demais entrarão em prazos mais longos.
“Não vamos quitar tudo de imediato, pois isso comprometeria os serviços públicos. Quem oferecer desconto recebe antes; quem mantiver o valor integral será incluído em parcelamento maior”, explicou. Ele também informou que parte das dívidas não empenhadas pode ser transferida para o orçamento de 2026, caso o TCE autorize ajustes na LOA.
Abílio aproveitou para criticar a falta de apoio do Governo Federal. Segundo ele, mesmo diante da maior crise de chikungunya do país, Cuiabá recebeu apenas R$ 1 milhão do Ministério da Saúde, valor insuficiente para atender à demanda emergencial.
“Precisávamos de pelo menos R$ 15 milhões para ampliar o trabalho dos agentes de saúde, reforçar os leitos e intensificar o combate à doença. Infelizmente, o suporte foi mínimo”, disse.
O prefeito afirmou ainda que busca apoio junto ao Governo do Estado e já tem novas reuniões agendadas com o governador Mauro Mendes. Ele pretende apresentar pessoalmente o relatório financeiro e reforçar a necessidade de apoio estadual para superar a crise.
Por fim, destacou que o cenário exige contenção de despesas e reestruturação fiscal, com ajustes e renegociações previstas para os próximos dois a três anos.