O general João Carlos Jesus Corrêa, dispensado por Bolsonaro (PSL) do posto de presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na semana passada, apontou que seu trabalho contra irregularidades em algumas superintendências estaduais foi um dos motivos que levaram a sua demissão.
Segundo reportagem publicado pelo Estadão, a representação do órgão em Mato Grosso foi apontada pelo general como uma das que compõem um grupo de 30 superintendências que são "verdadeiras organizações criminosas".
Em mensagem de despedida enviada por WhatsApp a um núcleo restrito de servidores do Incra, Corrêa disse ter levado um grupo qualificado para sua equipe "para uma tarefa de saneamento de um órgão que era um esgoto". E prosseguiu: "Como estávamos contrariando interesses e agindo com ética e honestidade, passamos a ser pedra no sapato."
Dispensado com o general Corrêa, o coronel Marco Antonio dos Santos falou em interesses de pessoas ou grupos "não exatamente republicanos" em superintendências do instituto.
Santos foi ainda mais longe. "Somos mais do que pedra no sapato. Fomos pedregulho no caminho. Na verdade, fomos uma pedreira no caminho de algumas pessoas ou grupos, cujos interesses não eram exatamente republicanos." O coronel afirmou ainda afirmou que "existem várias facções incrustadas no Incra, em uma ou mais situações delituosas".
De acordo com Santos, mais de 50 processos estão em andamento contra várias dessas facções "apurando casos de corrupção, desvios, aquisições fraudulentas, distribuição de bens sem lastro nas superintendências regionais do Incra." Conforme o coronel, a direção do Incra em Brasília não teve autonomia nem interferência na indicação das superintendências nos Estados. "Foram todas ocupadas por indicações políticas", disse ele.
As demissões do general e do coronel somam-se à crescente lista de militares de alta patente exonerados pelo presidente Bolsonaro, que teve a ala como base de apoio durante a campanha eleitoral com quem agora enfrenta uma crise na relação.
O que diz o Incra MT
Em resposta ao contato da redação do pnbonline, a Superintendência do Incra em Mato Grosso se limitou em afirmar que: “as irregularidades que forem detectadas na superintendência regional do Incra/MT devem ser tratadas no âmbito de sindicâncias e processos administrativos disciplinares para apuração de responsabilidades”.