03 de Julho de 2025

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GERAL Quinta-feira, 03 de Julho de 2025, 16:42 - A | A

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ARTIGO

Quando mães e filhas começam a falar sobre a própria intimidade

Bruna Ghetti

Tem dias em que eu paro depois de um atendimento e fico pensando em como o tempo tem nos transformado. Lembro de quando comecei a atender. Era raro ouvir uma mulher dizer a palavra “vulva” com naturalidade. A maioria falava baixinho, com medo de ser julgada, mesmo dentro de um consultório. Mas hoje as coisas têm mudado. E o mais bonito? Tem sido entre gerações.

Esses dias atendi uma senhora na faixa dos 60, em plena menopausa, me contando com honestidade sobre o desconforto nas relações, a secura, a perda da confiança no próprio corpo. Ela não queria rejuvenescer por vaidade, mas sim por resgate. Por querer se sentir viva de novo. E sabe o que me emocionou? Foi ela quem trouxe a filha mais nova, que também buscava cuidados íntimos, mas por outros motivos: prevenção, fortalecimento do assoalho pélvico, autoestima.

Duas mulheres, duas fases da vida, dois olhares. Mas uma mesma coragem de olhar para si mesmas com mais generosidade. Esse tipo de encontro tem se tornado mais comum. Filhas que ajudam as mães a romperem o silêncio que aprenderam a cultivar. Mães que inspiram as filhas a entenderem que a saúde íntima também é parte da nossa dignidade.

Tem quem ache que rejuvenescimento íntimo é só estética. Mas quem vive sabe: é funcionalidade, é alívio, é conforto, é liberdade. Seja com laser, bioestimuladores, fisioterapia ou uma boa conversa. O que realmente importa é o que essa mulher está buscando por dentro e não o que ela está ajustando por fora.

Hoje eu vejo que, quando uma mulher se cuida, ela não cuida só dela. Ela muda o ambiente ao redor. Ela abre espaço para que outras mulheres também falem, também escolham, também se escutem. Isso não tem idade. Tem consciência.

E talvez, no fim das contas, cuidar da intimidade seja só mais uma forma de dizer pra si mesma: eu mereço. Mereço viver sem dor, sem culpa, sem vergonha. E se isso for compartilhado entre mãe e filha, então estamos falando de cura com raízes.

Dra. Bruna Ghetti é médica ginecologista, referência em saúde íntima e longevidade feminina

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