Um possível escândalo de corrupção ameaça abalar a Câmara Municipal de Nova Mutum, cidade localizada a 241 km de Cuiabá. No dia 29 de maio, o assessor de imprensa da Casa Legislativa, Getúlio Siqueira Rosa, denunciou um suposto esquema de “rachadinha” envolvendo o vereador Cristiano Bicô (Republicanos). Segundo Getúlio, ele estaria sendo exonerado por se recusar a continuar repassando parte de seu salário ao parlamentar. O assessor afirma que recebia R$ 8.993,00 por mês, dos quais 50% estariam sendo exigidos por Bicô como condição para sua permanência no cargo.
A denúncia foi levada diretamente aos vereadores Altair Marcos de Albuquerque, Beatriz Correa de Matos Kohler, Carmem Regina Casagrande, Jaiane Santos e Maciel da Silva Sousa. Diante da gravidade do relato, os parlamentares protocolaram um ofício dirigido ao presidente da Câmara, Lucas Badan Faria, solicitando providências imediatas. No documento, os vereadores informam que o servidor teria sido exonerado por se recusar a participar de um esquema ilícito e alertam para os impactos que a denúncia pode ter na imagem e na integridade do Legislativo municipal.
A situação ganhou ainda mais repercussão após a divulgação de um vídeo gravado por Getúlio e compartilhado nas redes sociais. Na gravação, ele relata dificuldades financeiras e afirma que não aceitará mais repassar 50% de seu salário. Em um trecho do vídeo, o assessor pede ao vereador que “fale com os caras lá”, sugerindo que havia pressão para que o esquema fosse mantido.
Diante da gravidade das acusações, a Câmara de Nova Mutum aprovou, na noite da última segunda-feira (2), a criação de uma comissão especial processante para investigar o caso. A decisão foi tomada por unanimidade durante a 17ª sessão ordinária do Legislativo. O presidente da Casa, Lucas Badan Faria, considerou a denúncia inicial “inepta” por falta de requisitos formais, mas decidiu pela abertura de uma apuração formal, destacando a necessidade de investigar possíveis condutas ilícitas. Ele assegurou que o processo seguirá os princípios constitucionais, garantindo ao acusado o direito à ampla defesa.
A comissão foi formada por sorteio, com exclusão do vereador denunciado e do presidente da Câmara. Foram escolhidos os parlamentares Ricardo Schneider (PL), que assumirá a presidência da comissão; Jaiane Santos (PP), como relatora; e Ataíde Baguncinha (PP), como membro. Em coletiva após a sessão, Lucas Badan afirmou que a investigação será conduzida com seriedade, transparência e imparcialidade, reforçando o compromisso da Casa com a ética e a responsabilidade pública.
O vereador Cristiano Bicô se manifestou em entrevista, negando qualquer irregularidade. Ele afirmou estar tranquilo diante das acusações e adotou um tom conciliador, dizendo que ora a Deus para que abençoe as pessoas que o acusam. Emocionado, lembrou sua trajetória humilde, afirmando que acordava às duas da manhã para tirar leite e que hoje sente apenas gratidão pela oportunidade de estar em seu quarto mandato como vereador.
A comissão processante terá prazo legal para concluir a investigação, que incluirá oitiva de testemunhas, coleta de provas e demais diligências. O caso deve movimentar o cenário político de Nova Mutum nos próximos meses, podendo resultar em desdobramentos jurídicos e até mesmo na cassação do mandato do vereador, caso as denúncias sejam confirmadas.