Os analistas políticos Lourenberg Alves e Alfredo Menezes conversaram com a reportagem e falaram sobre a conjuntura política de Cuiabá após a reeleição do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), no domingo (29), com 135.871 votos. Os articulistas concordaram em relação a candidatura do vereador Abílio Júnior (Pode). De acordo eles, o parlamentar foi o culpado por sua própria derrota nas urnas.
"Nós somos seres humanos, ficamos chateados sim, e quando você está diante de uma situação adversa é preciso manter serenidade, porque até nisso o eleitor está te avaliando. Quando tem arrogância, xingamento, desrespeito, o eleitor dá um passo atrás. Então, o maior adversário do Abílio era ele mesmo", disse Lourenberg Alves.
O historiador ainda ressaltou que Emanuel não obteve boa parte dos votos dos eleitores se juntar brancos, nulos e apoiadores do concorrente.
"Se pegarmos esses 135 mil votos do Emanuel e olharmos o universo de eleitores são 284.352 eleitores e desses o prefeito é reeleito apenas com a metade, isso quer dizer que boa parte não votou nele, e não é um número pequeno", explicou.
Lourenberg também afirmou que todos os 8 candidatos foram mal assessorados e que não passavam conteúdo algum para a sociedade.
"Os candidatos foram mal assessorados, mal trabalhados e sem conteúdo algum. Esta campanha foi a mais pobre em conteúdo, discurso e proposta. Eu li todos os planos de governo que foram registrados e não teve discurso sólido, teve apenas promessas que jamais serão cumpridas", acrescentou Alves.
Segundo o professor, os partidos políticos precisam começar a ensinar seus filiados que possuem pretensão política a estudarem a administração pública. "O partido político tem que disciplinar melhor as suas ações, tem que preparar as pessoas para um dia chegar a ser candidato, infelizmente nunca nenhuma sigla fez isso".
Alfredo Menezes também seguiu na mesma linha e relembrou os equívocos de Abílio Júnior. "Na minha opinião Abílio já tinha a eleição ganha, mas ele não buscou um apoio muito firme em Mauro Mendes, mandou um recado estranho para Eduardo Botelho. Os equívocos dele fizeram com que perdesse a eleição. Além disso, houve os ataques à imprensa, a fala de que iria demitir 3 mil servidores... tudo isso fez com que corressem para o lado de Emanuel", analisa Alfredo.
Menezes também ressaltou que os resultados do 1º turno mostram que cidadão cuiabano quer renovação política. "Abílio chegar onde chegou mostra que Cuiabá está procurando algo novo. A Câmara Municipal teve uma renovação em 52%, então o eleitorado está dizendo que quer alguma coisa diferente".
Erros na articulação
Para Lourenberg Alves, Abílio tinha uma candidatura sustentada por um tripé que foi modificada no 2º turno. "Ele usou de ataques como própria defesa, batia sempre contra grupos políticos e que era o novo o diferente. Porém, essas características quando foram para o 2º turno foi modificada, já que ele buscou a Gisela, Roberto França, vereadores, o governador".
Em relação ao prefeito, para Lourenberg um dos erros foi fato dele ter deixado uma campanha mais propositiva no 1º turno. "Emanuel no 1º turno tentava de todo modo vender as realizações e se posou de vítima. Já no 2º ele perdeu terreno quando diminui os espaços em que vendia os feitos da administração, porque boa parte do eleitor não acompanha a administração todos os dias, acaba vendo na época de eleição no horário político".
