A deputada estadual Janaina Riva (MDB) acusou o chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Fábio Garcia (União), de perseguição política, após declarações feitas por ele ao senador Jayme Campos (União) sobre o não pagamento de suas emendas parlamentares impositivas. Durante um discurso inflamado na tribuna da Assembleia Legislativa, a parlamentar não poupou críticas e afirmou que, caso as emendas não sejam pagas, Garcia terá que enfrentá-la com “muita força”.
De acordo com Janaina, o episódio teve início quando um prefeito sugeriu ao senador Jayme Campos uma troca de emendas com ela. Na sequência, Garcia teria afirmado, em uma reunião com várias pessoas presentes, que não pagaria as emendas de Janaina.
"Eu quero dizer uma coisa ao secretário Fábio Garcia, vai pagar cada centavo das minhas emendas. E se não pagar, vai me enfrentar com muita força aqui na Assembleia de uma forma que ele nunca viu. Porque esse é um direito que foi me dado nas urnas", disparou a deputada.
Janaina reforçou que não aceitará ser alvo de perseguição e fez questão de destacar sua relevância política, lembrando que foi a deputada mais votada do Estado nas últimas eleições. Ela também criticou o governo estadual, que ingressou com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para pôr fim às emendas de bloco e de bancada. “Ele não sabe o que ele vai enfrentar aqui na Assembleia. E nós vamos às últimas consequências”, afirmou.
Em um momento mais tenso de seu discurso, Janaina acusou Fábio Garcia de agir pelas costas e de fazer “chantagem barata”. Ela questionou sua coragem em enfrentar os deputados pessoalmente e o desafiou a ser direto. “Seja homem, fala isso pra mim que eu não gosto de molecagem. Eu sou mulher decente, tô fazendo aqui, desempenhando o meu papel. Não vem com molecagem para cima de mim. Ameaçazinha faz lá para suas negas, faz para lá. Não vem aqui fazer para mim”, afirmou, em tom desafiante.
A deputada também fez duras críticas a outros parlamentares da Assembleia Legislativa, acusando-os de omissão diante da investida do governo contra as emendas parlamentares. “E o monte aqui fica quieto. Está tudo bem, está tudo certo, está tudo ótimo. Está achando que a Assembleia é o quê? Que é um puxadinho do Estado?”, questionou.
Fábio Garcia responde às acusações de Janaina
O secretário Fábio Garcia, por sua vez, não poupou críticas à deputada e classificou suas declarações como “baixas” e até mesmo racistas. Em um vídeo de resposta, Garcia afirmou que Janaina estava se fazendo de vítima, e disse que todas as emendas impositivas serão pagas conforme a lei, e não conforme a vontade de um parlamentar. “Primeiro que não é a senhora que vai me obrigar a pagar suas emendas. É a lei que já obriga ao Executivo estadual ou federal a pagar as emendas impositivas. Portanto, todas as emendas serão pagas como vêm sendo pagas, como foram nos últimos dois anos", disse.
O secretário também se mostrou tranquilo quanto ao enfrentamento com a deputada. “Se a senhora quiser me enfrentar, eu tô pronto. E mais, muito tranquilo”, afirmou. Fábio Garcia aproveitou para reforçar seu histórico de trabalho e honestidade. “Eu não fui criado com dinheiro da corrupção, pelo contrário. Eu fui criado e crio minhas filhas com dinheiro do meu trabalho. Honesto. Estudei para isso, trabalhei para isso. Faço disso, da honestidade, um pilar da educação na minha casa”, disse.
Em nota, a deputada estadual, pediu desculpas públicas após utilizar uma expressão considerada racista durante a sessão plenária da Assembleia Legislativa de Mato Grosso. A parlamentar se retratou por ter usado a frase "ameaçazinha faz lá pra suas negas" enquanto criticava o chefe da Casa Civil, Fábio Garcia, sobre o pagamento de emendas parlamentares.
Nota:
"Peço perdão àqueles que eu possa ter ofendido, não recebi mensagem de ninguém, mas quero me antecipar, mas quando a gente comete um equivoco como esse, nós que ainda estamos aprendendo sobre letramento racial é importante fazer isso no mesmo ambiente onde você cometeu esse ato impróprio. Essa é uma impressão racista e que não pode ser utilizada. Inclusive, 'tuas negas', 'denegrir', 'coisa tá preta', 'serviço de preto', 'dia de branco', 'inveja branca', 'criado mudo', 'samba do criolo doido', entre outras palavras que temos habito de utilizar, não devem ser utilizadas. Quero pedir que essa palavra seja retirada do meu discurso e quero pedir desculpas em público”.