24 de Maio de 2025

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VARIEDADES Sexta-feira, 23 de Maio de 2025, 14:39 - A | A

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RITA LEE

Novo documentário sobre cantora foge dos padrões

Purepeople

“Há a Rita Lee e eu. No começo, éramos uma pessoa só, mas a Rita Lee enviesou para a música e eu fiquei na coxia”: a dualidade entre Rita Lee e Rita Lee Jones de Carvalho permeia “Ritas”, novo documentário que chega aos cinemas no dia 22 de maio.

No longa, dirigido por Oswaldo Santana (“Bruna Surfistinha”, “Santo Maldito”) e codirigido por Karen Harley, montadora de “Que Horas Ela Volta?”, criadora se debruça sobre a criatura, em um compilado recheado de música e histórias sobre a artista feminina que mais vendeu discos no Brasil.

“Ritas” chega aos cinemas na data que a compositora escolheu para comemorar seu aniversário, após se cansar de disputar espaço com o Réveillon. Mudança que, ela frisa no filme, não transformou seu signo. “Gosto de ser caprica”, reforça.

A ÚLTIMA ENTREVISTA DE RITA LEE: ‘RITAS’ TRAZ DEPOIMENTO INÉDITO

Os depoimentos de Rita não apenas enriquecem, como dão norte a todo o projeto. Do riquíssimo acervo à entrevista inédita, as declarações da estrela são o único fio condutor. Não há relatos de qualquer outra pessoa, mesmo que isso faça com que apenas a versão dela seja apresentada em casos onde há controvérsias, como a expulsão da cantora do grupo Os Mutantes.

A entrevista inédita foi concedida antes da pandemia e, portanto, antes da descoberta do câncer que a matou há dois anos recém-completados. Os depoimentos revelam declarações deleitosas sobre o dia em que ela mandou executivos de uma gravadora “tomarem no cu” ou sobre a diferença entre seus clássicos visuais. “Quando eu era loira, minha figura era mais serena. O ruivo veio com fogo no rabo. Dedo no cu e gritaria”, ela brinca.

No entanto, fica a sensação de que o material poderia ter sido melhor aproveitado. A entrevista aparece bem menos do que o trailer, que anuncia “A última entrevista de Rita Lee” já nos primeiros segundos, faz parecer. O filme tem pouco mais de 1h20 e acrescentar uns minutos com mais falas da rockeira, definitivamente, não seria um problema.

DOCUMENTÁRIO TRAZ IMAGENS INÉDITAS DE RITA LEE NOS ÚLTIMOS ANOS DE VIDA
Mas essa falta é compensada pelas imagens da intimidade de Rita, gravadas por ela mesma em sua casa durante o isolamento. Ela mostra cantos especiais da residência, como o altar que traz santos e imagens de ídolos como Hebe Camargo, e detalhes de sua rotina com os bichinhos (“Bicho é o que me interessa. Não gosto muito de gente”).

Imagens de Roberto de Carvalho cuidando do jardim enquanto ela narra uma declaração de amor (“O cara mais homem que eu conheci”) ou o momento em que ela sugere que a neta, Izabella, coloque um funk proibidão são consoladoras e trazem a certeza de que os últimos anos de vida de Rita deram a paz que ela tanto buscou, mas que seu comportamento, por vezes, autodestrutivo não lhe permitia desfrutar.

Trata-se da exposição da intimidade de um jeito que não beira o sensacionalismo, afinal, o fato de ela mesma ter filmado torna tudo consentido. Ao contrário do que acontece em “Mania de Você”, da Max. O documentário fez Roberto e os três filhos lerem diante das câmeras uma carta de despedida, dias antes de ela morrer. Uma cena, de fato, muito emocionante, mas que parece extrapolar os limites do que Rita desejava compartilhar com o público sobre os momentos que antecederam sua partida.

Dar a palavra apenas à protagonista é só mais uma das escolhas da equipe que fogem do que se espera de um documentário convencional. A cronologia dos acontecimentos, por exemplo, até ajuda, mas não limita ou prende a narração.

A explicação de fatos sobre Rita divide cena com esquetes do programa “TV Leezão”, da MTV, números musicais antológicos - que vão de parcerias com João Gilberto e Maria Bethânia, às clássicas performances do especial de 1980, da TV Globo - e colagens de fotos de inúmeros photoshoots. Pode ser uma escolha confusa para quem espera storyline de começo, meio e fim, mas o filme parece se preocupar em ser uma experiência imersiva, que, como o nome sugere, explora as diferentes “Ritas” que compõem a lenda.

É tarefa difícil construir narrativas sobre Rita depois da riqueza tão honesta de detalhes que a própria artista fez em “Rita Lee: uma Autobiografia”, livro que vendeu 150 mil exemplares apenas nos três primeiros meses de lançamento. Mais complicado ainda é compilar em 82 minutos vida e obra cheias de marcos importantes. Mas “Ritas” cumpre bem seu papel e apresenta essa trajetória de forma muito interessante até mesmo para os mais profundos conhecedores desta biografia.

O Purepeople assistiu ao documentário “Ritas” a convite da Biônica Filmes e da Primeiro Plano.

 

 

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