Aglomeração de arrais registradas nessa segunda-feira (22), no Rio Bento Gomes, em Poconé, no Pantanal mato-grossense é incomum, segundo o biólogo e pesquisador da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) Claumir Cesar Muniz.
Quer ficar bem informado em tempo real? Entre no nosso grupo e receba todas as noticias (ACESSE AQUI).
O biólogo explica que esse fenômeno pode ter acontecido por dois motivos. O primeiro é relacionado ao período de chuvas em Mato Grosso, que acontece com bastante intensidade no fim do ano.
"Não é tão comum ter tantas arraias assim. Esses animais vivem nos fundos dos rios e nesse período de chuvas pode acontecer que esse aumento do fluxo da água tenha causado a diminuição de oxigênio e elas tenham procurado ambientes mais rasos para facilitar a respiração", contou.
O outro fator pode estar relacionado ao período reprodutivo das arraias. Elas se reproduzem uma vez ao ano entre os meses de setembro e novembro.
"O outro fato que poderia fazer com que elas se juntassem é em relação ao período produtivo. É comum que elas se reproduzam nos meses de setembro a novembro, mas como está na parte final do período, não sei se esse aspecto seja a resposta", disse.
As arrais se reproduzem de uma forma diferente dos peixes. Elas possuem uma fecundação interna, diferente dos peixes que possuem fecundação externa. De acordo com o biólogo, a primeira opção é a mais provável.
"Poderia ser o período reprodutivo, mas eu avalio que como elas não são peixes de cardume nessa região, pode está relacionado a qualidade da água, a disponibilidade de oxigênio ou outra perturbação que esse ambiente tenha recebido, explicou.
As arrais ficam no ambiente mais espalhadas em torno de até cinco aglomeradas. Segundo Claumir, esse fenômeno acontece geralmente em lugares que possuem praia.
Os animais são conhecidos como “arraia-pintada” e são encontrados em água doce, como é o caso do Rio São Bento. Elas podem chegar a medir 100 centímetros e pesar até 15 kg quando na fase adulta.
Na região da cauda, a arraia tem um ferrão venenoso formado por dentina (mesmo material que compõe os dentes dos seres humanos), que pode causar ferimentos quando em contato com a pele.
O registro
Um cardume de arraias foi visto no Rio Bento Gomes. No local, muitos turistas também costumam tomar banho nas águas.
O soldador Claudenil Lemes da Silva, de 49 anos, explicou que o fluxo de turistas no Rio São Bento foi uma de suas preocupações quando soube que arraias estavam na região. De acordo com ele, parecia que tinha mais de 200 arrais juntas.
“Já tinha visto um vídeo delas [das arraias] no Rio São Bento antes, mas fui até lá para ver de perto. Quando cheguei, percebi que eram muitas, mais de 200. É bonito, mas tenso ao mesmo tempo”.