Um dos mortos durante o confronto com a Força Tática na operação Acqua Ilícita, realizada na quinta-feira (20), Gilmar Machado da Costa, conhecido como "Gilmarzinho", foi homenageado com uma moção de aplauso na Câmara Municipal de Cuiabá. A proposta da honraria partiu do vereador Jeferson Siqueira (PSD) em reconhecimento ao trabalho de Gilmar como líder comunitário do bairro Nova Conquista.
O requerimento para a moção foi protocolado em 20 de fevereiro de 2024 e aprovado nove meses depois, em novembro. No documento, o vereador afirma que, embora Gilmar tenha sido condenado por tráfico de drogas, ele é "merecedor do reconhecimento" por seu esforço em "auxiliar, amparar e prestar inúmeros serviços à comunidade". Além de Gilmar, Fábio Júnior Batista Pires, conhecido como Farrame, também foi morto no confronto. Ambos eram acusados de controlar a venda de água mineral nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Nobres e Sinop, utilizando extorsão para aumentar os preços e enriquecer por meio de atividades criminosas.
Cerca de 400 policiais estão nas ruas dessas quatro cidades cumprindo 60 mandados de busca e apreensão, 12 mandados de prisão, além de realizar o sequestro de bens e valores ilícitos, incluindo 33 veículos. A operação do Gaeco segue o mesmo objetivo da Operação Falso Profeta, deflagrada pela Polícia Civil na manhã do dia 20. Embora ambas as operações visem combater grupos com atuação semelhante, os alvos são distintos.
O vereador Pastor Jefferson Siqueira (PSD) concedeu uma entrevista coletiva para esclarecer a homenagem prestada a Gilmar Machado da Costa, o faccionado morto no confronto da operação. Quando questionado pela repórter Lídia Nascimento sobre a falta de preocupação em relação ao histórico criminoso do homenageado, Siqueira se defendeu, afirmando que não existem critérios específicos para homenagear alguém que possa ter envolvimento com o crime e ainda acusou outros políticos de atitudes semelhantes.
“Primeiramente porque não há essa condicionante para você homenagear alguém. Foram 400 pessoas indicadas, era um evento festivo, aniversário do bairro. Eu só assinei como vereador. Agora, eu volto a dizer, vamos pegar o exemplo dos filhos do Bolsonaro, que fizeram moção para 16 policiais denunciados pelo Ministério Público por participarem do crime organizado”, disse o político, que ainda finalizou afirmando que não é função do vereador analisar a vida pregressa de ninguém.
A operação Acqua Ilícita tem como objetivo o cumprimento de 60 mandados de busca e apreensão, 12 mandados de prisão, além do sequestro de bens e valores ilícitos, incluindo veículos. A ação visa combater acusados de extorsão a comerciantes e lavagem de dinheiro provenientes de práticas criminosas. As ordens judiciais estão sendo cumpridas por 340 policiais militares e 60 agentes do Gaeco nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Nobres e Sinop.