Um trágico acidente envolvendo um balão de ar quente deixou oito mortos e 13 feridos na manhã do último sábado (22), na cidade de Praia Grande, no interior de Santa Catarina. A aeronave transportava 21 pessoas para um passeio turístico quando pegou fogo em pleno ar e caiu em uma área de mata próxima a uma cachoeira. Parte dos passageiros conseguiu saltar antes da queda, mas o incêndio e a altura da aeronave resultaram em vítimas fatais.
De acordo com relatos e vídeos divulgados nas redes sociais, o balão decolou sob aplausos, mas, pouco depois, as chamas começaram a se espalhar a partir da base do cesto. Segundo o depoimento do piloto, que sobreviveu ao acidente, o fogo teve início após um maçarico utilizado para acionar os queimadores atingir materiais inflamáveis no piso do cesto. O piloto tentou utilizar o extintor de incêndio, mas o equipamento falhou. Ele então decidiu descer o balão e pediu que os passageiros pulassem. Treze pessoas conseguiram saltar, incluindo o próprio condutor. No entanto, a súbita perda de peso fez com que o balão voltasse a subir antes de despencar, em chamas, logo em seguida.
Das oito vítimas fatais, quatro morreram carbonizadas e outras quatro faleceram em decorrência da queda de grande altura. Três delas foram encontradas abraçadas pelos socorristas. As vítimas foram identificadas como Leane Elizabeth Herrmann e sua filha, Leise Herrmann Parizotto; Andrei Gabriel de Melo; os casais Juliane Jacinta Sawicki e Fábio Luiz Izycki, e Everaldo da Rocha e Janaína Moreira Soares da Rocha; além de Leandro Luzzi. Duas pessoas sofreram queimaduras de segundo grau e foram internadas, mas não correm risco de vida. Outras três buscaram atendimento médico com ferimentos leves.
A Polícia Civil de Santa Catarina abriu investigação para apurar responsabilidades, incluindo a possibilidade de crime por parte do piloto ou da empresa responsável pelo voo, a Sobrevoar. Em um primeiro momento, tanto o piloto quanto a empresa apresentaram os certificados exigidos pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Em nota oficial, a Sobrevoar lamentou profundamente o ocorrido, declarou solidariedade às famílias das vítimas e informou que suspendeu temporariamente todas as suas atividades. A empresa afirmou que sempre atuou de acordo com a legislação vigente e que este foi o primeiro acidente em sua história operacional.
A região de Praia Grande é um dos principais destinos de balonismo do país, conhecida como a "Capadócia brasileira". São realizados até 300 voos por dia, operados por mais de 20 empresas. O acidente reacendeu o debate sobre a segurança da prática, considerada de alto risco.
Após a grande repercussão, a Anac afirmou, por meio de nota, que o balonismo, por sua natureza, ocorre por conta e risco dos envolvidos, e que as aeronaves registradas para atividades de lazer não são certificadas nos mesmos padrões das aeronaves comerciais.
O Ministério do Turismo declarou que iniciará discussões sobre a criação de uma regulamentação específica para passeios turísticos com balões no Brasil, com o objetivo de garantir maior segurança e organização ao setor. O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, que está em viagem oficial à China, lamentou o ocorrido em vídeo publicado nas redes sociais. Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou solidariedade às vítimas e colocou o governo federal à disposição das autoridades locais. O prefeito de Praia Grande, Elisandro Pereira Machado, decretou luto oficial de três dias no município.
Este foi o segundo acidente grave com balões em apenas uma semana. No domingo anterior, uma mulher grávida morreu em Capela do Alto, interior de São Paulo, após a queda de um balão com 33 pessoas. Na ocasião, o piloto foi preso por homicídio culposo, acusado de tentar um pouso em local inadequado.
