Como parte do ciclo de palestras ‘Divers(c)idades: Conversas sobre Trans(it@s) entre deslocamentos, (des)fronteiras e ramificações’, o encontro ‘Trans ↔ Mulheres ↔ Trans’ debateu na última semana na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) os questionamentos e problemas enfrentados por pessoas que não se identificam com seu gênero biológico. Além disso, discutiu o papel da arte e da transgressão em momentos marcados pelo conservadorismo.
O encontro foi aberto pelo grupo de teatro Faces Jovens, de Primavera do Leste. O grupo composto por jovens atores apresentou o espetáculo ‘Alice’, que já rodou dez estados brasileiros por meio do Projeto Amazônia das Artes promovido pelo Serviço Social do Comércio (SESC). A emocionante peça teatral aborda a descoberta da transsexualidade na adolescência e todos os desafios enfrentados pelos jovens na tentativa de se expressarem no ambiente escolar.
O espetáculo foi montado por alunos de um bairro da periferia de Primavera do Leste que dividiram suas histórias de bullying e dificuldade de identificação com a escola, para falar da necessidade de também serem ouvidos e de como são difíceis suas tentativas de se sentirem bem diante de uma invisibilidade social causado pela sua condição de renda e por estarem fora dos padrões estéticos ou de gênero.
Após a encenação, o debate foi dirigido pelo professor de pós-graduação Mario Cezar Leite, um dos criadores do Programa em Estudos de Cultura Contemporânea da UFMT (ECCO). Para Cezar Leite, o evento vem ao encontro da necessidade atual de debater as diversidades presentes na cidade.
“A proposta é justamente fazer uma reflexão sobre o trânsito na cidade, trânsito de corpos e adequações. É preciso pensar nas possibilidades de existência que circulam e como os cidadãos processam tudo isso. Todos esses temas estão batendo às nossas portas e nós muitas vezes não estamos sabendo como reagir e tratar”, afirmou o professor.
Organizado pelo Grupo de Estudos em Cultura e Literatura de Mato Grosso, do ECCO, e pelo do Grupo de Estudos Multimundos Acontecimentos e Figuras Públicas, o encontro contou com a presença de pesquisadores, estudantes e representantes de movimentos em prol da diversidade. Como parte do ciclo de palestras, que integra o projeto “ECCO nos 300 Anos de Cuiabá – momentos de reflexão”, o próximo encontro ocorre no dia 24 de outubro (quinta-feira), às 14h e tem como tema ‘Transitoriedades, mapas de existência’.