A cada semana uma área, pública ou particular, é alvo de invasão em Cuiabá. Secretário de Ordem Pública de Cuiabá (SORP), Leovaldo Emanoel Sales da Silva, destaca que o movimento de “grilagem” ganhou uma nova “coordenação”. Invasões de áreas na Capital passaram a ter apoio do Comando Vermelho (CV). O secretário cita um dos casos, registrado em agosto no residencial Buritis. Na ocasião um invasor, identificado como diretoria da organização criminosa, confirmou que a ação, que já abrangia a demarcação de 500 lotes, era orquestrada pelo CV. O invasor foi preso.
Leovaldo reforça que áreas públicas e bairros periféricos são os principais focos de invasões. “Temos até participação de facções. No residencial Buritis, área particular, fui conversar com um dos invasores que confirmou que quem estava conduzindo a invasão era o Comando Vermelho”, conta.
O secretário cita outra atuação em que integrantes de organização criminosa movimentaram invasões. O registro foi no residencial Nico Baracat. “Até agora integrantes do CV é que estão na área. Os que estão lá não são os que estavam na lista para serem contemplados”, diz.
Sales explica que há duas situações de invasão. A primeira é a consolidada, a invasão considerada antiga. Neste caso, as residências são de alvenaria, o local é dotado de infraestrutura como asfalto, água e luz. Para a retirada neste tipo de invasão é necessária uma ordem judicial. “Já fizemos o cumprimento de 20 mandados judiciais nesta gestão, consiste na demolição e desocupação das áreas”.
Com maior intensidade, Leovaldo confirma que existe a invasão chamada de recente. “Como é nova, é de fácil contenção. Na área há apenas a demarcação do lote, cercas e às vezes alguns barracos inabitados. Essa contenção fazemos pelo menos uma por semana”, destaca.
Promotor de Defesa do Meio Ambiente e Urbanismo, Carlos Eduardo Silva diz que Cuiabá é uma cidade em que cerca de 70% dos bairros são oriundos de invasões. Ele frisa que estas ocupações, que hoje transformaram em bairros, ocorreram tanto em área pública quanto em áreas privadas. O promotor reforça que há uma série de fatores que ainda são preponderantes para que as invasões não cessem. Entre eles estão os problemas sociais, falta de políticas de habitação, de inclusão e planejamento urbano. “Mas não podemos deixar de atentar a esta questão criminosa. Principalmente pessoas vulneráveis que são facilmente arregimentadas pelos grileiros”, finaliza.