O coordenador do Núcleo de Ações de Competência Originárias (Naco) Criminal, procurador Domingos Sávio de Barros Arruda, afirmou – em entrevista à Rádio Capital FM, nesta quinta-feira (11) – que o Ministério Público Estadual (MPE) dará uma resposta aos mandantes da ‘grampolândia pantaneira’ em até cinco dias. Por fim, afirmou que a intenção da investigação é se preocupar com todos os envolvidos.
“Estamos dando a resposta também para quem mandou. Você verá que, quem sabe até daqui a quatro ou cinco dias, daremos uma resposta em quem mandou. Temos que nos preocupar com todos, não estamos omissos nisto. Estaremos dando uma resposta semana que vem, eu lhe garanto”, disse o coordenador do Naco.
Domingos Sávio ainda apontou que existem muitas pessoas “apaixonadas” na causa dos grampos e pontuou que existem questões, como de delações premiadas, que não podem ser divulgadas por conta do sigilo.
Porém, o chefe do Naco acrescentou que os militares investigados no caso dos grampos só começaram a cogitar delações porque estão com a corda no pescoço. “Você acha que o MP tem que fazer uma colaboração destas e deixar que estes que confessaram o crime saiam com uma pena mínima, reduzida?”, questionou.
O caso
A operação responsável por revelar o esquema de interceptações ilegais na PM chama-se "Esdras" e foi desencadeada em 27 de setembro de 2017, com base no depoimento prestado pelo tenente coronel da Policia Militar José Henrique Costa Soares, revelou um verdadeiro esquema criminoso para frear as investigações sobre interceptações ilegais e afastar o desembargador.
Conforme os autos, em depoimentos prestados por Soares, “descortinou-se um sórdido e inescrupuloso plano” no intuito de interferir nas investigações policiais e macular a reputação do desembargador Orlando Perri em todos os inquéritos instaurados.
Segundo o processo, Costa Soares foi convocado para atuar como escrivão no inquérito do caso grampos. Logo da convocação, a suposta organização criminosa teria buscado sua cooptação.
Seria tarefa do tenente coronel a juntada de informações sobre Perri para provocar a suspeição do magistrado.
Reportagem do programa "Fantástico", da Rede Globo, revelou na noite de 14 de maio que a Polícia Militar em Mato Grosso “grampeou” de maneira irregular uma lista de pessoas que não eram investigadas por crime.
Segundo a denúncia do MPE, foi Gerson quem fez à Justiça os pedidos de autorização para interceptação de números de telefones de políticos, advogados e jornalistas, grampeados no esquema. A prática de gravação telefônica clandestina, de pessoas que não são acusadas de crime, é conhecida como “barriga de aluguel”. Acusado de ser o operador do esquema, o cabo Gerson, também ficou encarcerado por nove meses.