O presidente da OAB-MT (Ordem dos Advogados do Brasil), Leonardo Campos, rebateu o artigo publicado pela senadora Selma Arruda nesta segunda-feira (05). No artigo, Selma critica a OAB e diz que a Ordem se omitiu no combate à corrupção. “Ela saiu da condição de paladina da moralidade para, em processo, por unanimidade, ser condenada por Caixa 2 e abuso de poder econômico, que é, inclusive, crime”, reagiu Campos.
No artigo “Mato Grosso x Brasília, jogo empatado”, Selma traça um paralelo sobre a atuação do ex-juiz Sérgio Moro (atual ministro da Justiça e Segurança Pública) e o coordenador da Operação Lava Jato, procurador Deltan Dallagnol, no combate à corrupção, e na atuação do Gaeco mato-grossense na operação Grampolândia e dela própria, na condição de juíza da Sétima Vara Criminal, por onde tramitou processos que envolveram figuras como o ex-deputado José Riva e o ex-governador Silval Barbosa, condenados por corrupção e desvio de dinheiro.
Conforme a senadora, no caso de Moro e Dallagnol, ambos se transformam em “Madalenas”, diante da ação de hackers que invadiram seus aplicativos de mensagens, revelando conversas tidas como suspeitas. Já o Gaeco de Mato Grosso e ela própria, se transformaram em “Madalenas Pantaneiras”, em função das acusações do cabo Gerson, que em seu depoimento envolveu promotores de Justiça como responsáveis por grampos ilegais em investigações que tramitavam na Sétima Vara Criminal.
Em dois parágrafos do artigo, Selma faz pesadas críticas à atuação da OAB no combate à corrupção. “Enquanto isso, a OAB faz questão de compor o circo, como se não fosse público e notório o interesse de alguns de seus membros na anulação das operações, tanto da Lava-jato como em Mato Grosso. A OAB até agora omitiu-se no combate aos corruptos. Agora, se levanta na defesa desses criminosos e, agindo por interesse próprio, acaba enchendo de lama os nomes de muitos advogados honestos, que sequer foram consultados a respeito”.
“PERPLEXIDADE E DECEPÇÃO”
Entrevistado pelo Programa “Emparedado”, da TV Gazeta (Canal 19), Leonardo Campos disse que foi pego com um misto de perplexidade e decepção. “Decepção por ver o risível, o nível de uma ex-integrante do Poder Judiciário mencionar nessa fala. Talvez ela esteja se referindo a si própria. Porque quem hoje coloca a prova, se cumpriu ou não a Constituição, foi ela que era integrante do Poder Judiciário”.
Para o presidente da seccional da OAB em Mato Grosso, paira uma grande desconfiança em torno de Selma Arruda, porque ela se utilizava do Poder Judiciário para ganhar notoriedade e popularidade para se tornar candidata. “Isso se concretizou quando ela deixou o Poder Judiciário e se tornou candidata. Então quem utiliza, se beneficia de um sistema que muitas vezes corrompe a Constituição não somos nós, a Ordem dos Advogados do Brasil”, afirmou.
Para exemplificar a ação da OAB no combate à corrupção, como a primeira bandeira da entidade, ele citou a criminalização do Caixa 2, que foi uma proposta da Ordem. O impedimento de doação por Pessoa Jurídica, por meio de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, foi outra ação da OAB destacada por Campos. “Então, essa carapuça não serve a OAB. Serve a quem fez a critica. Quem saiu do Poder Judiciário, que tem a obrigação de não ter qualquer vinculação partidária e não se imiscuir em politica partidária não fui eu, foi ela que se aposentou e foi candidata”.
No entendimento de Campos, talvez a senadora Selma Arruda esteja se precavendo. “Está tentando adiantar, numa atitude muito reprovável, que é quando você não tem argumento para combater a acusação você tenta constranger o julgador, e ela utilizou esse aspecto antes do julgamento da ação no TRE [Tribunal Regional Eleitoral] e talvez agora a grampolândia bata às portas da Sétima Vara em operações que foram conduzidas por ela”.