Esta é Elizabete Maria de Almeida, falsa testemunha de um escândalo narrado por ela, mas que não existiu. Enquanto não foi desmascarado por uma semana, fez estragos.
Com enredo bem ensaiado numa reunião para montar a farsa criminosa, documentada depois em boletim de ocorrência para ganhar ares de credibilidade, a denúncia de Elizabete mexeu com a classe política, mobilizou a polícia, motivou a transferência de dois delegados da Defaz, deixou o Gaeco intrigado, tentou prejudicar o prefeito Emanuel Pinheiro e trancar uma investigação contra Abílio Brunini na Câmara Municipal, além de deixar o governador Mauro Mendes numa saia justa.
No último dia 27, às 11h, Elizabete foi à Delegacia que apura crimes fazendários e contra a administração pública. Ali, para o atendente Rafael Mello, ela narrou, como testemunha ocular, casos de corrupção ativa e passiva.
Diz que, por meio de sua chefe Cláudia Almeida Costa, do Hospital Metropolitano, foi convidada para um jantar na casa do vereador Juca do Guaraná, no condomínio Belvedere, seis dias antes (21 de novembro), às 23 horas. Cita a presença de várias pessoas e que a tal reunião seria para tratar da cassação do mandato de Abílio, sob investigação da Comissão de Ética por reincidentes registros de quebra de decoro.
Narra que o prefeito da Capital chegou mais tarde, fez uma reunião e ofereceu a ela R$ 50 mil e mais indicação de 20 cargos tudo para ela testemunhar na Comissão da Câmara contra o parlamentar investigado. E que Emanuel entregou envelope com dinheiro aos vereadores ali presentes.
Eis que nesta quinta, descobre-se, por meio de circuito interno de vídeo do hospital onde Elizabete trabalha, que ali ela se encontrou com Abílio no mesmo dia que foi à Delegacia registrar o BO. As imagens comprovam que tudo não passou de uma farsa. E do complô, conforme mostram as imagens, participaram outras pessoas, inclusive o ex-vereador e policial aposentado João Madureira, de Várzea Grande e filiado ao mesmo PSC de Abílio.
Como falso testemunho é crime, inclusive com previsão de pena de 2 a 4 anos, Elizabete vê sua situação jurídica se complicar. O intrigante é que trata-se de uma pessoa evangélica da Assembleia de Deus, mesma Igreja de Abílio. Aos 40 anos, moradora no CPA 4, Elizabete possui o ensino médio e entrou para os quadros do Metropolitano no último seletivo. Trabalha como técnico-administrativo do RH.