Em meio ao aquecimento dos bastidores políticos em Mato Grosso, o deputado estadual Júlio Campos (União Brasil) afirmou que encontros entre lideranças partidárias são naturais e fazem parte do processo democrático. A declaração foi feita após sua participação em uma confraternização promovida pelo PSD, que contou com a presença do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e do senador Jaime Campos.
O evento gerou especulações sobre possíveis alianças para as eleições de 2026, mas Júlio minimizou os rumores, destacando que a reunião foi informal, entre aliados e filiados.
“Foi uma confraternização comum. Aliás, gostaria de ter cinco Carlos Fávaro em Brasília, trabalhando pelo Mato Grosso e pelo Brasil. O grande problema da política local é que alguns grupos radicais acreditam que políticos não devem dialogar. Acham que qualquer encontro já significa negociação escusa. Mas democracia é diálogo. Nos Estados Unidos, na Europa, partidos conversam constantemente. E aqui não será diferente — vamos dialogar com todos: PSD, PT, MDB, PL, com todos os partidos”, afirmou, elogiando a atuação do ministro.
Apesar do tom descontraído do evento, o deputado reforçou a importância do diálogo com todas as legendas, especialmente com a aproximação do período pré-eleitoral, marcado para março do próximo ano. Para ele, é natural que ocorra movimentação partidária nesse período, como no caso do deputado Dilmar Dal Bosco, que estuda migrar para o PRD.
Júlio Campos também defendeu a criação de um cronograma fixo para o pagamento de emendas parlamentares. Segundo ele, o Estado possui recursos em caixa, estimados em R$ 13 bilhões, e deve cumprir a Constituição, garantindo previsibilidade aos municípios. A proposta do deputado é que 50% das emendas sejam liberadas até julho e o restante até novembro.
“Cada deputado tem direito a R$ 27 milhões por ano. Multiplicando por 24 parlamentares, dá pouco mais de R$ 600 milhões, o que representa cerca de 1% da arrecadação total do estado, prevista em mais de R$ 50 bilhões para este ano. Ou seja, há espaço fiscal para cumprir. E é necessário planejamento. Um exemplo: destinei R$ 250 mil para reformar um posto de saúde em Curvelândia. Se não for liberado agora, não haverá tempo hábil para concluir a obra até o fim do ano. Isso prejudica diretamente a população, que também espera por praças, ginásios e outras melhorias. O ideal é pelo menos garantir metade desses repasses já no primeiro semestre”, explicou.
O parlamentar também criticou a proposta da Câmara dos Deputados que prevê o aumento do número de vagas parlamentares sem seguir o critério populacional determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Para Júlio, a medida é inconstitucional e representaria um aumento desnecessário de gastos públicos.
Sobre a sucessão estadual, Júlio Campos reconheceu que partidos como MDB e União Brasil já estão se reestruturando com foco nas eleições de 2026. Ele afirmou que o senador Jaime Campos poderá disputar o governo ou tentar retornar ao Senado, e que o governador Mauro Mendes é um nome natural no cenário, embora ainda não haja definições oficiais.