Governadora em exercício, a presidente do Tribunal de Justiça Maria Helena Póvoas afirmou que não acredita que a “trégua” anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) com o Supremo Tribunal Federal (STF) dure até a campanha eleitoral de 2022. E se disse a favor de que o Judiciário responda à altura qualquer ataque.
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Dois dias após proferir ataques aos ministros do STF durante os atos de 7 de Setembro, o presidente apresentou uma carta à nação negando intenção de agredir os demais Poderes e pontuando que suas declarações foram dadas “no calor do momento”.
“Eu acho que ele volta ao ataque, que daqui a pouco pode surgir um novo embate. E eu não sou do time que acha que o Judiciário deve abaixar a cabeça, que tem que engolir uma série de coisas calado. Já foi o tempo disso”, afirmou, em entrevista à Rádio Capital FM.
Para a desembargadora, quando o novo conflito acontecer, é dever do Judiciário para com a sociedade responder à altura.
“Nós temos a obrigação de estabelecer uma ponte com a sociedade e isso só será feito se você conversar com a sociedade. Se cada vez que você for atacado você se calar, você consente com aquilo”, defendeu.
“Então, cada vez que ele desferir um ataque, o Judiciário deve uma explicação à sociedade. Foi-se o tempo que o juiz só falava nos autos. Não pode falar fora dos autos sobre os autos. Agora, sobre assunto onde ele foi atacado [tem que falar]”, completou.
Críticas a Bolsonaro
Maria Helena ainda criticou a postura do presidente ao incitar em seus seguidores dúvidas quanto à credibilidade da urna eletrônica. Ex-presidente do Tribunal Regional Eleitoral, ela defendeu o sistema adotado há anos no País.
“Eu não posso admitir que o cidadão, como mandatário maior da nação, venha a discutir, hoje, a legitimidade da urna eletrônica. Por que ele não discutiu há três anos, quando a urna o consagrou presidente da República? Ele foi 26 anos deputado com a urna eletrônica. Como é que ele pode pregar esse tipo de coisa?”, criticou.
A desembargadora lembrou a sua passagem pela Justiça Eleitoral e afirmou que “não há a menor possibilidade de fraude da urna eletrônica” porque ela não é conectada à internet e disse que fica “estarrecida” ao ver certos comportamentos do presidente.
“Eu fico às vezes, como cidadã, estarrecida de ver determinadas posições do mandatário maior da nação, sinceramente. E quando você vê os grupos de WhatsApp que a gente participa, parece que uma parcela da sociedade está enfeitiçada de tal forma que não consegue enxergar nem visualizar isso”, lamentou.