Em coletiva à imprensa, na manhã desta quarta-feira (10), o governador Mauro Mendes fez um balanço da participação do Governo de Mato Grosso na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP-26), realizada em Glasgow, na Escócia.
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Uma das principais bandeiras defendidas pelo governador no evento foi a reciprocidade ambiental. Ou seja, que os países ricos cumpram as mesmas exigências ambientais que cobram do Brasil e de Mato Grosso.
“Essa reciprocidade, que já é exigida na área diplomática, precisa ser aplicada na área ambiental. Temos que exigir que os produtos vindos dos países ricos também sigam as mesmas normativas e os mesmos compromissos ambientais que exige de nós, pois eles são grandes poluentes, usam muito os combustíveis fósseis, e também precisam colaborar”, afirmou.
De acordo com o governador, o Brasil precisa sair da posição de “patinho feio”, pois tem grandes contribuições na preservação. Mato Grosso, por exemplo, é o maior produtor de alimentos do Brasil e um dos maiores do mundo, e mesmo assim ainda mantém 62% do território preservado e outros 6% em recuperação.
“Conversei com alguns produtores da Europa e lá eles usam muitas vezes até 80% da área para produção e preservam os 30% restantes. Eles não têm leis rígidas como nós, que limitam a 20%. E eu desafio alguém a apontar outra região no mundo que produz tanto e preserva 62% do território, que é o que Mato Grosso faz”, citou.
Ainda de acordo com o gestor, na Europa não há limitação para o uso das terras para produção, ao contrário do que ocorre no Brasil.
“No nosso país, fazendo uma analogia com uma casa, o produtor pode usar só dois dos 10 cômodos. Mas têm que manter todos os 10 cômodos arrumados e pagar imposto sobre todos eles. E todo esse trabalho de preservação tem custo, por isso precisamos de mais cooperações dos outros países”, disse.
Mauro Mendes relatou que, no evento, apresentou a representantes de países, ambientalistas, ONGs, ministros e demais participantes os avanços de Mato Grosso na preservação, assim como a meta ousada de neutralizar as emissões de carbono até 2035 – muito antes da meta mundial, que é 2050.
Um exemplo dos avanços é que somos o Estado da Amazônia que mais conseguiu reduzir o desmatamento ilegal, com redução de 20,5% de 2020 para 2021. Também houve redução expressiva nos focos de calor neste período (52,2%).
“Nosso esforço foi concentrado em defender a posição de Mato Grosso, nosso trabalho ambiental e a nossa política focada na fiscalização e aplicação rígida da lei. Até mesmo ONGs de lá disseram que temos uma das melhores políticas ambientais em curso. Hoje temos mecanismos de preservar a legalidade, que está no Código Florestal, com o monitoramento via satélite, em tempo real, de qualquer desmate ou foco de calor acima de 1 hectare. Quem comete ilegalidade é autuado e punido”, pontuou
Porém, o governador ponderou que é preciso maior colaboração dos países desenvolvidos para a manutenção desses ativos ambientais, uma vez que é necessário aportar grande volume de investimentos para garantir a preservação.
“Nós temos um plano de ação já em andamento com 12 estratégias para acelerar a redução do carbono. Isso foi muito bem recebido porque apresentamos não só uma manifestação de interesse, mas algo que o Governo de Mato Grosso e a economia privada já estão fazendo há algum tempo aqui. Mas isso tem um preço e precisará de investimento”.
“Afunilamos nossa conversa com instituições mundiais que nos apoiam no programa REM e está acertado uma nova parcela de recurso em função de estarmos cumprindo nossas metas de redução de desmatamento. Uma parcela de 15 milhões de euros e outra parcela próximo disso, que deverão vir para investirmos em ações estruturantes de área ambiental. São pagamentos por parte das reduções de carbono já realizadas”, completou.