As chuvas deram o ar da graça, mas ainda não foram suficientes para amenizar os problemas de saúde causados pela longa estiagem, com altas temperaturas, além da fumaça causada pelas queimadas, que afetaram principalmente crianças e idosos com problemas respiratórios.
Há quatros dias, Mirela Magalhães, de 4 anos, ficou internada no Hospital Infantil Femina em Cuiabá. O motivo é uma crise de asma provocada pela fumaça das queimadas que cobriu a cidade. No domingo, ele começou a passar mal, ficou com a respiração difícil e falta de ar.
“Viemos correndo para a emergência e já internaram. Agora ele está melhor, tomando antibióticos e fazendo inalação”, conta a mãe da garota, a dona de casa Maricelia Passos Damásio, de 31 anos.
Durvalino Alves , 65 anos, todos os anos sofre nessa época do ano. Todos os dias, Alves e sua esposa Lúcia Cristina acordam de madrugada e não conseguem voltar a dormir por conta do incômodo. “Aqui em casa a gente nem dorme, falta ar, calor. Dói a garganta,
dói a cabeça.”, declara Durvalino.
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A poluição, comum nesta época de tempo seco, provoca prejuízos ao Meio Ambiente e à saúde das pessoas. Mesmo com as primeiras chuvas, o problema ainda persiste, principalmente porque o calor ainda reina na Grande Cuiabá.
Doenças respiratórias aparecem com mais facilidade. A elevação da concentração de poluentes pode aumentar em 50% o risco cardíaco de pessoas com alguma vulnerabilidade. Além de o coração fazer mais esforço, os poluentes do ar promovem uma irritação no pulmão.
Alerta
De acordo com Clóvis Botelho, pneumologista e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), doenças simples, como um resfriado ou virose, podem se tornar casos graves diante do clima quente que Mato Grosso e outras regiões enfrentam durante essa época do ano.
O especialista explica que durante esse período do ano há um aumento nos atendimentos médicos por conta de doenças respiratórias e os pacientes são principalmente crianças e idosos. “As crianças têm um sistema imaturo de defesas no aparelho respiratório. E os idosos já não têm mais essas defesas intactas. Ao longo do tempo, ou por doenças, os idosos vão perdendo isso. São doenças como diabetes, cardíacas, renais ou o fumo que acabam agravando o sistema imune daquela pessoa e os idosos sofrem”.
Botelho frisa ainda que o organismo humano, as vias respiratórias, tenta colocar umidade no ar respirado. Caso ele não chegue bem úmido, fica difícil ocorrer a troca gasosa no corpo. Ou seja, ele conta que isso significa passar o oxigênio do ar ambiente para a circulação sanguínea e retirar o dióxido de carbono do organismo.
“Essa é a função primordial da vida e nessa época do na o organismo tem que trabalhar dobrado”, diz Clóvis Botelho.
Doenças
Entre as doenças provocadas ou agravadas por essas questões apontadas, o professor cita rinite, sinusite, bronquite, laringite e pneumonia. “Um processo inicial que poderia ser benigno, uma virose ou um resfriado simples, pode se transformar em algo mais grave. Estudos tem mostrado o efeito da poluição e a mortalidade por doenças cardiovasculares nessa época de poluição é muito maior do que os dias menos
poluídos” diz.
“Mas o mais importante é tomar líquido, bastante líquido. A hidratação do organismo é que vai levar água para as células e minimiza o sofrimento da via aérea. Se a recomendação normalmente é tomais dois litros de água, nessa época do ano tem que tomar mais. Hidratação de dentro para fora é melhor do que a de fora para dentro”, completa o médico.