A forma tradicional de medir a presença de grupos criminosos no território e seu poder financeiro é por meio da contabilização dos registros de ocorrências de tráfico de drogas e da quantidade de entorpecentes apreendidos. No Brasil, esse processo não é trivial, uma vez que as apreensões são realizadas pelas polícias das 27 Unidades Federativas (UFs) e pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). O maior desafio não é resolvido com a simples soma dos resultados de cada corporação, pois, muitas operações são conduzidas de forma integrada e registradas em cada instituição envolvida, o que pode gerar duplicidade de registros.
A Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça e Segurança Pública (Senasp/MJSP) tem se empenhado em padronizar os registros das ocorrências em âmbito estadual por meio do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, Digitais e de Drogas (Sinesp). Na maioria das vezes, os dados são contabilizados conforme registrados nas delegacias, sem a devida qualificação advinda dos laudos periciais produzidos pelas polícias científicas.
Essa atividade pericial tem se mostrado essencial não apenas para confirmar a quantidade exata da droga apreendida, mas também para identificar e qualificar as substâncias presentes no material, que, muitas vezes, não correspondem à sua aparência visual. Além disso, permite determinar o grau de pureza da droga, que pode variar significativamente ao longo da cadeia comercial, desde a produção até a venda no varejo.
De acordo com o Atlas da Violência 2025, elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o estado de Mato Grosso se destacou como o terceiro do país com maior volume de apreensões de cocaína e pasta base de cocaína pelas forças de segurança estaduais em 2023, totalizando 19,8 toneladas retiradas de circulação. O estado ficou atrás apenas de São Paulo, com 41,9 toneladas, e Mato Grosso do Sul, com 29,7 toneladas no mesmo período.
Ao se considerar também as 6,3 toneladas de maconha apreendidas, o total de drogas retiradas de circulação em Mato Grosso em 2023 chegou a 26,2 toneladas, o que representa um prejuízo estimado em R$ 467 milhões às facções criminosas.
Segundo dados do Observatório de Segurança Pública da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), em 2024 esse número foi ainda maior: foram apreendidas 41,2 toneladas de entorpecentes, estabelecendo um novo recorde no estado e gerando um impacto financeiro de aproximadamente R$ 554 milhões às organizações criminosas.
O secretário de Estado de Segurança Pública, coronel PM César Roveri, destacou que os resultados refletem o empenho das forças de segurança e o compromisso do Governo do Estado no combate às facções criminosas. Ele enfatizou ainda que o programa Tolerância Zero tem se consolidado como referência na estratégia de descapitalização dessas organizações.