11 de Setembro de 2024

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GERAL Quinta-feira, 24 de Outubro de 2019, 15:23 - A | A

Quinta-feira, 24 de Outubro de 2019, 15h:23 - A | A

FOME

Desnutrição é causa recorrente de morte de crianças indígenas em MT

PNB Online

Em julho deste ano, próximo de completar oito meses de mandato, Jair Bolsonaro (PSL) declarou durante coletiva de imprensa que “falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira, é um discurso populista”. Na contramão do que afirma o presidente, dados do Ministério da Saúde revelam que a desnutrição ainda é uma causa recorrente de morte de crianças indígenas no Brasil, especialmente em estados como Mato Grosso.  

 

Entre os anos de 2015 e 2018, 419 crianças indígenas entre 4 e 11 anos morreram no estado. Destas, cerca de 10% tiveram como causa básica da morte a desnutrição. Outras 14% foram vítimas de doenças infecciosas intestinais, que tendem a ter relação direta com a ausência de alimentação adequada. O quadro mais preocupante é dos indivíduos da etnia Xavante, situados ao entorno da Serra do Roncador. 

 

Segundo Gilberto Vieira, secretário adjunto do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), escolas indígenas recorrentemente encontram dificuldades em adquirir alimentos. Além disso, problemas com demarcações de terra e desmatamento em Mato Grosso também tendem a agravar a falta de oferta de alimento a esses povos. 

 

“Em Mato Grosso, o desmatamento agrava essa situação. É preciso perceber que a degradação ambiental traz redução de peixes em regiões como do Araguaia, do rio Aripuanã e em Juína. Povos como o Enawenê-nawê, localizados na porção noroeste do Estado, não consomem carne bovina, somente peixes e isso tem um impacto na alimentação. Além disso, com a demarcação de terras muito reduzidas, é tirada possibilidade de sanar essa ausência de peixes com agricultura”, afirma Vieira. 

 

O cenário é repetido em boa parte do território nacional. Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), no Brasil, cerca de 30% das crianças indígenas são afetadas por desnutrição crônica. Alguns povos, como os ianomâmis, localizados ao norte da Amazônia, o percentual supera 80%. Os dados ainda revelam que meninas e meninos indígenas têm mais de duas vezes mais risco de morrer antes de completar 1 ano do que as outras crianças brasileiras.

 

 
 

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